A Caminhada pela Vida sai este sábado à rua em 12 cidades do país, um alargamento que a Federação Portuguesa pela Vida (FPV) considera muito positivo.
“Já estamos quase, quase, quase em todas as capitais de distrito, e isto para nós é um sinal claro de que existem pessoas por esse país fora que acham que esta é uma causa pela qual vale a pena trabalhar”, diz à Renascença José Maria Seabra Duque, lembrando que “cada cidade exige uma logística – comunicações à Câmara, à PSP, convocar pessoas, fazer materiais gráficos, fazer cartazes, pessoas para discursar. Estamos a falar de um evento que envolve centenas de pessoas na organização e milhares de pessoas pelo país fora”.
A Iniciativa está prevista para Braga, Porto, Aveiro, Lamego, Viseu, Guarda, Coimbra, Lisboa, Beja, Évora, Faro e Funchal. Na maioria dos locais a concentração faz-se a partir das 15h00, “com exceção do Funchal, que vai começar mais tarde por circunstâncias locais”. Os percursos podem ser consultados no site e nas páginas de Federação Portuguesa pela Vida nas redes sociais.
Em Lisboa partirá do largo Camões. “Iremos até à Assembleia da República, pelo Príncipe Real e pelo Rato, até ao largo de São Bento”.
Revogação da eutanásia e atenção ao alargamento do aborto
Em entrevista à Renascença José Maria Seabra Duque diz que agora, que há um novo Parlamento e um novo Governo, vão exigir o cumprimento de promessas eleitorais relacionadas com a defesa da vida e a liberdade de educação.
“A Caminhada pela Vida é apartidária, mas esperamos, confiamos que os partidos que fizeram promessas nesse sentido agora as cumpram. Aquilo que sabemos é que há uma maioria de deputados que publicamente falou contra a eutanásia, que publicamente falou na defesa da liberdade de educação, que publicamente falou no apoio às grávidas em dificuldade, e agora é tempo de ver essas promessas concretizadas. E é também isso que iremos pedir na Caminhada pela Vida.”
As exigências são várias. “Pedimos, com clareza e sem nenhuma tibieza, a defesa da vida humana. Queremos a revogação da lei da eutanásia, queremos mais apoios para as grávidas em dificuldade, mais apoios para os doentes, queremos legislação que defenda ativamente a vida humana”.
No caso da eutanásia pedem a revogação da lei, que teve um percurso atribulado. “Ainda está no Tribunal Constitucional e ainda não está regulada. Mas, sobretudo parece-nos que estão reunidas as condições para ser simplesmente revogada. Esta lei que foi aprovada, foi chumbada na Assembleia da República, foi chumbada duas vezes no Tribunal Constitucional, foi vetada duas vezes pelo Presidente da República, teve um parecer negativo das ordens profissionais todas, teve pareceres negativos de todos os peritos que foram ouvidos. É uma lei que a Federação Portuguesa pela Vida sempre defendeu que estava morta à nascença, e esperamos que seja revogada, porque torna-se evidente que não tem condições para subsistir”, sublinha.
A Federação está também preocupada com os ataques à liberdade de objeção de consciência dos médicos e com a intenção de alguns partidos alargarem os prazos do aborto. “Houve um referendo que decidiu - mal, mas decidiu - que o aborto seria legal até às 10 semanas, mas não compreendemos como é que agora dizem que afinal não são bem 10, são 12, 14, são as semanas que, afinal, os senhores deputados decidirem. É outro assunto ao qual estamos especialmente atentos e seria bastante positivo que a Assembleia da República desse um sinal claro de que não é possível em Portugal alargar os prazos do aborto. Se querem alargar têm de propor um novo referendo”.
Seabra Duque garante que foram nesse sentido as palavras de Paulo Núncio, atual líder parlamentar do CDS, quando durante a campanha interveio numa sessão de esclarecimento da Federação Portuguesa pela Vida.
“Nessa sessão disse uma coisa simples, e que é a sua opinião: a lei do aborto livre só pode ser revogada por referendo. É a opinião do doutor Paulo Núncio, que nós respeitamos, mas ele não propôs um referendo, disse que essa era a única maneira de alterar a lei – se foi aprovada por referendo, deve ser revogada por referendo. Ninguém propôs o referendo neste momento. E a grande preocupação da Federação Portuguesa pela vida não é que haja um novo referendo, a grande preocupação é que não haja mulheres que abortam.”
Para isso, diz, as mulheres têm de ser apoiadas, área em que o Estado não faz a sua parte. “É preciso um trabalho que, aliás, as associadas da Federação Portuguesa pela Vida desenvolvem todos os dias no terreno, que é o apoio às mulheres grávidas. E nesse capítulo, o Estado tem falhado miseravelmente, as mulheres grávidas em dificuldade estão completamente abandonadas. O estado social não funciona, uma rapariga de 15, 16 anos que chega grávida a um hospital é empurrada para o aborto, ninguém lhe oferece nenhuma alternativa a não ser abortar, e nós queremos que o Estado e a sociedade digam às mulheres: 'vocês não são obrigadas a abortar'“, conclui Seabra Duque.