O fim de ano letivo pode trazer fome, alerta o presidente da Cáritas Diocesana do Porto. “Há mais bocas para alimentar e os rendimentos infelizmente não aumentam”, diz Paulo Gonçalves.
Em entrevista à Renascença, o responsável deixa “uma nota de preocupação” e chama a atenção “das entidades competentes, nomeadamente ao Governo”.
Paulo Gonçalves admite que “não haverá propriamente muita fome em Portugal, até porque há de facto várias instituições no terreno a prestarem um apoio muito importante à comunidade, muitas delas ligadas à Igreja que tem sido fundamental neste apoio à comunidade”, e lembra que, por agora “muitos alunos fazem a sua alimentação na escola que vai terminar daqui a duas ou três semanas”.
Contudo, o responsável alerta que, “se o dinheiro já chega dificilmente ao final do mês para muitas famílias tendo os filhos na escola, admitimos que dentro de três semanas ou um mês, a vida ainda vai ficar ainda muito mais dificultada porque há mais bocas para alimentar e os rendimentos infelizmente não aumentam”.
Nesta entrevista à Renascença, Paulo Gonçalves revela que a instituição tem vindo a ser contactada por muitas famílias preocupadas com a possibilidade de não poderem cumprir as suas obrigações por causa do esperado aumento das taxas de juro.
“Nós temos muitas famílias que nos têm vindo a contactar porque estão verdadeiramente preocupadas porque já tem muita dificuldade de chegar ao final do mês e com estes aumentos esperados das taxas de juro sentem que a vida vai ficar particularmente difícil e têm muitas dúvidas que possam cumprir com as suas obrigações nomeadamente aos bancos e em particular com o crédito à habitação”, relata.
Por outro lado, Paulo Gonçalves fala "em aumento descontrolado da inflação" que fez aumentar "a "pobreza envergonhada" de famílias da classe média, que “até há pouco tempo tinham uma vida mais ou menos controlada e que, de um momento para o outro, sentiram um aperto financeiro bastante grande e que as impediu de levar uma vida normal”.
A Cáritas da Diocese do Porto tem um novo Roupeiro Social. O espaço foi inaugurado esta segunda-feira e, de acordo com Paulo Gonçalves, “será fundamental para prestar um melhor serviço à comunidade”.
O responsável refere que “nos últimos anos, em média, a Cáritas Diocesana doou mais de 26 mil peças de roupa e calçado à comunidade”.
Adianta que “quando fizemos este investimento foi para poder continuar e aprofundar o trabalho em rede, chegar a mais famílias e assim prestar um melhor serviço à comunidade”.