A estratégia de combate à pobreza energética "é ambiciosa, mas não é realista", defende o investigador João Pedro Gouveia.
À Renascença, o especialista da Nova FCT considera "preocupante" que "apesar dos investimentos" financiados pelo PRR, a "degradação das habitações e a qualidade das habitações não melhore de forma substancial".
"Portugal têm um problema grande de conforto térmico, as famílias são desconfortáveis em casa tanto no inverno como no verão", diz.
O país está, a par de Espanha, no topo da lista dos países com mais queixas de desconforto térmico.
Alerta ainda que o país está a piorar a nível do conforto térmico, já que, em 2023, 21% da população reportava dificuldades em aquecer a casa, acima dos 17,5% registados em 2022.
Um problema que pode ter impactos negativos na saúde da população. João Pedro Gouveia lembra que "Portugal é dos países europeus com mais excesso de mortalidade no inverno", o que reporta "uma ligação entre as pessoas passarem frio e depois terem problemas de saúde e até mesmo poderem vir a falecer".
Outros dos problemas passa pelo facto de "um terço das casas em Portugal terem problemas de humidades e de bolores".
Para o académico, é necessário "escalar o financiamento que existe para apoiar tanto as famílias mais e menos vulneráveis" e apostar na "componente passiva das habitações", através da "melhoria dos isolamentos".
"Só assim é que vamos conseguir melhorar o conforto térmico das pessoas, não promovendo o consumo de energia e consumo de materiais. As bombas de calor ou ar-condicionados são importantes, mas que podem promover mais gastos com energia. Não é por aí o caminho", remata.