As forças armadas chinesas dispararam esta quinta-feira “múltiplos mísseis balísticos” nas águas que circundam a ilha de Taiwan, disse o Ministério da Defesa de Taipei, condenando “ações irracionais que minam a paz regional”.
“O Ministério da Defesa nacional declara que o Partido Comunista Chinês disparou vários mísseis balísticos ‘Dongfeng’ nas águas circundantes do nordeste e sudoeste de Taiwan às 13h56 [6h56 em Lisboa]”, anunciou o ministério, em comunicado.
Os militares taiwaneses não adiantaram o local exato onde os mísseis caíram.
Já o Exército Popular de Libertação da República da China confirmou o lançamento de mísseis, explicando ter-se tratado de “um ataque com mísseis convencionais multirregionais e de vários modelos em águas predeterminadas da parte leste da ilha de Taiwan”.
Segundo adiantou um responsável, “todos os mísseis atingiram o alvo com precisão”.
A televisão estatal chinesa, a CCTV, já tinha anunciado, esta manhã, que a China ia dar início a exercícios militares, com fogo real, nas imediações de Taiwan, acrescentando que a operação irá durar até domingo.
Segundo os responsáveis de Taiwan, os exercícios violam as regras das Nações Unidas, invadem o espaço territorial de Taiwan e constituem um desafio direto à livre navegação aérea e marítima.
"Comportamento irresponsável e ilegítimo"
O Partido Democrático Progressivo de Taiwan no poder classifica os exercícios que a China está a realizar nas vias navegáveis internacionais mais movimentadas e nas rotas da aviação, como “um comportamento irresponsável e ilegítimo”.
O porta-voz do gabinete de Taiwan, expressando uma séria condenação dos exercícios, adiantou também que os websites do Ministério da Defesa, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do gabinete presidencial foram atacados por hackers.
Segundo a Reuters, que cita fonte tailandesa bem informada, navios e aviões militares da marinha chinesa atravessaram brevemente a linha mediana do Estreito de Taiwan várias vezes esta manhã.
As manobras militares surgem em resposta à visita a Taiwan da líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, vista pela China como uma grave provocação.
O Governo chinês respondeu nos últimos dias com sanções económicas a Taiwan.
Washington tem também um porta-aviões e outro equipamento naval na região.
O início das manobras militares da China levou o Ministério da Defesa de Taiwan a afirmar que se está a preparar para a guerra.
Pequim reclama a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.