O gasoduto que o Governo espanhol promete estar operacional em menos de um ano poderá passar ao lado de Portugal.
Esta sexta-feira, a ministra espanhola da Transição Ecológica disse que o novo gasoduto entre Espanha e França pode estar operacional “em oito ou nove meses”.
No entanto, a ligação de Portugal a Espanha só deverá estar concluída em 2028.
Nesse quadro, a Europa receberia gás natural da Argélia, com porta de entrada em Espanha, pelo gasoduto Medgaz, que atravessa o Mediterrâneo e que chega ao continente europeu por Almeria, na costa sul espanhola.
Em entrevista à televisão TVE, a ministra espanhola Teresa Ribera garante que “a interligação pelos Pirenéus catalães pode estar operacional em oito ou nove meses, do lado sul da fronteira”.
Palavras que, aparentemente, deixam Portugal para trás, mesmo depois do chanceler alemão Olaf Scholz ter defendido na quinta-feira um gasoduto entre Portugal-Espanha.
O executivo espanhol ainda não comentou a terceira interligação entre Portugal e Espanha, que é referida nas declarações do primeiro-ministro António Costa, que garante que os trabalhos estão “muito avançados”.
No entanto, o chefe do Governo português não referiu que a conclusão está prevista apenas para 2028, uma data que fica aquém das necessidades imediatas de abastecimento da Europa.
É o que avança o documento da REN - Redes Energéticas Nacionais, que em 2018 descrevia ao pormenor o terceiro e último traçado, até Espanha: com início em Celorico da Beira, Guarda, segue para Vale de Frades, distrito de Bragança, e entra em Espanha, onde se liga à rede de gás espanhola em Zamora.
Segundo o primeiro-ministro português “há um traçado que agora está definido, cuidadoso, que protege os valores ambientais, que importa proteger também no Vale do Douro. Portanto, do nosso lado as coisas têm vindo a avançar, da Espanha também”.
Com as datas agora avançadas pelo executivo espanhol, ganha nova força a opção do MIDCat, a passagem do gasoduto pelos Pirinéus franceses. Um projeto chumbado pelos reguladores espanhóis e franceses, devido ao impacto ambiental e aos custos da obra.
Com a nova urgência energética dos países europeus, sobretudo a norte, e com a verba disponível para a autonomia energética dos estados-membros, será desta que o gasoduto avança pelos picos franceses?
António Costa garante que a “Alemanha pode contar 100% com o empenho de Portugal para a construção do gasoduto. Hoje para o gás natural, amanhã para o hidrogénio verde”. A mais-valia nacional é “o Porto de Sines, poderá ser utilizado como plataforma logística para acelerar a distribuição de Gás Natural Liquefeito (GNL) para a Europa”, garante.
Se não for viável a passagem por França, há sempre a hipótese de atravessar a Itália, como sempre defenderam os ambientalistas.
Espanha parece centrada nas negociações com França, mas as declarações do chanceler alemão Scholz colocaram Portugal e a Península Ibérica na mesa do debate.