A manter-se o ritmo de crescimento de diagnósticos de Covid-19, Portugal chegará “seguramente aos mil novos casos diários na próxima semana", admitiu António Costa, em conferência de imprensa esta sexta-feira, após uma reunião de urgência do gabinete de crise.
A reunião foi convocada ontem pelo primeiro-ministro face ao "contínuo aumento" de infetados em Portugal, no mesmo dia em que se atingiu um pico inédito desde 10 de abril. Logo após a conferência de imprensa de Costa, o novo balanço da DGS indicou que, entre ontem e hoje, foram registados 780 novos casos de infeção, mais 10 do que no dia anterior.
Segundo o primeiro-ministro, o cenário de mais de mil novos casos por dia já na próxima semana não é uma “inevitabilidade”, mas é inegável que o “fator de transmissão está a aumentar”. E deixou um aviso os portugueses: "Agora, o controle da pandemia depende da responsabilidade de cada um de nós."
Mais do que respostas, Costa trouxe da reunião uma série de avisos, alguns dos quais já a pensar no longo prazo. “Seria inimaginável fazer no Natal o que fizemos na Páscoa”, afirmou.
O primeiro-ministro, que assumiu que “o custo social do confinamento foi brutal”, tentou afastar o cenário de uma repetição das medidas de março. “As escolas não podem voltar a fechar. Não podemos continuar a destruir emprego. Não podemos mesmo relaxar”, disse.
Para o primeiro-ministro, é compreensível a “fadiga” dos portugueses perante todas as medidas e constrangimentos a que a pandemia o obrigou. Mas, lembrou, estamos perante uma “maratona”, “não uma corrida de 100 metros”. “A nossa responsabilidade é permanente” e não pode haver uma aligeirar dos cuidados. “A responsabilidade cívica é tão importante agora como em março”, avisou.
António Costa elencou ainda uma lista de “cinco regras” que todos os cidadãos devem cumprir, de modo a conter a propagação do novo coronavírus.
- usar máscara “o mais possível”
- manter a higiene regular das mãos
- respeitar a etiqueta respiratória, ou seja, evitar tossir para cima de outras pessoas
- cumprir, dentro do possível, o afastamento físico em espaços públicos
- instalar a aplicação Stayaway, que segundo Costa é "de confiança", pois "tanto garante que alguém infetado possa avisar com quem esteve em contacto “sem se identificar”, como “beneficiar do alerta de alguém”.
Na próxima semana, informou ainda o chefe do Governo, a Direção-Geral da Saúde vai apresentar o plano de contingência para o outono/inverno.