Julian Assange vai ser, finalmente, um homem livre. O fundador da plataforma Wikileaks está detido há vários anos no Reino Unido.
É o último episódio desta longa novela?
Aparentemente sim. Julian Assange aceitou declarar-se culpado pela violação da lei de espionagem dos Estados Unidos. Em causa, a acusação de conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais da Defesa norte-americana - nomeadamente sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque -, e que foram publicados no site Wikileaks em 2010. Um caso que Washington tratou como a maior violação de segurança na história militar dos Estados Unidos.
Ora, assumindo a culpa, Assange deverá ser condenado a uma pena de cinco anos de prisão. No entanto, como esse tempo já foi cumprido no Reino Unido, onde se encontrava, será então um homem livre.
E onde está agora Julian Assange?
Está a bordo de um avião, presumivelmente a caminho das Ilhas Marianas do Norte, um território norte-americano, no Mar das Filipinas.
O embarque ocorreu nas últimas horas no aeroporto de Stansted, nos arredores de Londres.
Esta quarta-feira, está previsto que o fundador da Wikileaks esteja em Saipan, nesse arquipélago das Ilhas Marianas do Norte, para, perante um juiz, assinar a sua confissão de culpa e conhecer a sentença. Julian Assange recusou deslocar-se aos Estados Unidos para o fazer.
É então nessa altura que Assange estará livre?
Sim, passa a ser um homem livre e pode voltar a casa.
Tudo indica que vá para a Austrália - que é o seu país de origem - 14 anos depois de divulgar esses documentos secretos norte-americanos e cinco anos após de ter sido detido em Inglaterra. Estava detido em Belmarsh, no leste de Londres, desde 2019, após sete anos de reclusão na embaixada do Equador, na capital britânica, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação.
Mas os Estados Unidos esperavam um desfecho bem diferente. Porquê?
Porque estavam em causa 18 crimes de espionagem e de intrusão informática que culminaram com a publicação na Wikileaks documentos confidenciais que expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.
Por essa razão, as autoridades norte-americanas defendiam que - até este acordo ser alcançado - Assange teria de cumprir uma pena que poderia chegar aos 175 anos de prisão.
E já há reações?
Sim, nomeadamente de Mike Pence, antigo vice-presidente de Donald Trump. Na rede social X, Pence refere que o acordo alcançado entre a administração Biden e Julian Assange é um erro judicial, uma desonra ao serviço e ao sacrifício das Forças Armadas norte-americanas.
Mike Pence insiste que Julian Assange pôs em perigo a vida dos militares em tempo de guerra, pelo que devia ter sido processado em toda a extensão da lei.
A verdade é que a atual administração norte-americana decidiu colocar um ponto final no assunto e liberta o fundador da Wikileaks em troca da admissão de culpa.