O governo norte-americano exigiu à Rússia a libertação "imediata" de Alexei Navalny, acusando as autoridades prisionais russas de interferirem na preparação da defesa do ativista político, acusado de fraude.
"Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com a crescente e arbitrária interferência do governo russo nos direitos de Alexei Navalny", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price.
Segundo um comunicado divulgado na sexta-feira, o governo russo teria impedido Navalny de comunicar livremente com os advogados, vigiando os encontros e colocando obstáculos à troca de documentos entre o ativista e a sua equipa de defesa.
A decisão das autoridades prisionais russas de colocar Navalny “repetidamente em confinamento solitário por supostas infrações menores é mais uma prova de uma perseguição politicamente motivada", de acordo com o departamento liderado por Antony Blinken.
A detenção de Navalny no regresso à Rússia “já era vergonhosa, mas a insistência do Kremlin em persegui-lo ainda mais só realça a sua insegurança e o seu medo daqueles que dizem a verdade", sublinhou a administração Biden.
Na quinta-feira, Navalny disse ter sido impedido de ter conversas em privado com os seus advogados.
Além disso, segundo ele, cada documento trocado com a sua defesa será agora sujeito a uma "verificação durante três dias" pela administração da prisão.
"Na verdade, não resta nada, formalmente, dos meus direitos à defesa, que já eram bastante ilusórios", disse o ativista anticorrupção de 46 anos.
Navalny, considerado o principal opositor do Presidente russo Vladimir Putin, foi condenado em março a nove anos de prisão por suposta fraude. As organizações que liderava foram banidas em 2021 na Rússia.
Na sexta-feira, Navalny pediu aos russos que votem nas eleições locais e regionais, apesar da ausência de uma oposição credível diante das ondas de repressão exacerbadas desde a ofensiva militar do Kremlin na Ucrânia.
O ativista apelou aos eleitores que sigam uma estratégia de "votação inteligente", que consiste em votar no candidato mais bem colocado para vencer o do Kremlin.
"Qualquer ação destinada a enfraquecer os elementos do sistema de Putin é correta e constitui um dever cívico", disse Navalny, na terça-feira, na rede social Twitter.
O opositor pediu um voto "contra a guerra, as mentiras, a corrupção e a pobreza".
As eleições locais e regionais começaram na sexta-feira em toda a Rússia, com a votação a ocorrer ao longo de três dias.