O corte total das telecomunicações e da internet na Faixa de Gaza, sujeita a uma iminente invasão terrestre israelita, pode "servir para ocultar atrocidades em massa", alertaram este sábado dois grupos de defesa dos direitos humanos.
Num comunicado, uma responsável da organização não governamental (ONG) Human Rights Watch, Deborah Brown disse que “este apagão de informação pode servir para ocultar atrocidades em massa e contribuir para a impunidade das violações dos direitos humanos”.
Também a Amnistia Internacional avisou que “será ainda mais difícil obter informações e provas essenciais sobre as violações dos direitos humanos e crimes de guerra cometidos contra civis palestinianos em Gaza, e ouvir diretamente aqueles que sofrem essas violações”.
“Os civis palestinianos já estão sitiados na Faixa de Gaza e agora também estão presos num completo apagão de comunicações”, lamentou a ONG de defesa dos direitos humanos, que disse ter perdido contacto com o seu pessoal no enclave.
O primeiro-ministro palestiniano, Mohamed Shtayé, denunciou na sexta-feira o corte total da internet na Faixa de Gaza como uma tentativa de Israel para “obscurecer” o que se passa no enclave palestiniano, controlado pelo movimento islamita Hamas.
“O mundo está num momento histórico para agir para parar a agressão e os massacres do nosso povo”, disse Shtaye, na rede social Facebook, onde anexou um vídeo que mostra o aumento dos bombardeamentos em Gaza.
O Sindicato dos Jornalistas Palestinianos manifestou a sua preocupação com a segurança dos jornalistas que trabalham na Faixa de Gaza, após os cortes que interromperam as emissões dos meios de comunicação social do território.
O sindicato denunciou a situação como um prelúdio de novos massacres que Israel planeia levar a cabo na Faixa de Gaza, “longe das câmaras dos jornalistas”, tal como noticiado pela agência de notícias palestiniana WAFA.
O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla inglesa) revelou que várias agências das Nações Unidas perderam também o contacto com as suas equipas em Gaza.
As operações humanitárias e a atividade hospitalar “não podem continuar sem comunicações”, sublinhou a coordenadora humanitária do OCHA, Lynn Hastings, num comunicado.
O Crescente Vermelho palestiniano alertou na sexta-feira que perdeu completamente o contacto com a sala de operações em Gaza e todas as suas equipas que aí se encontram.
A empresa palestina de telecomunicações Paltel confirmou o “corte completo” dos serviços de comunicações, telemóvel e internet em Gaza, devido aos intensos bombardeamentos ao enclave.
Após o ataque de 07 de outubro do Hamas ao sul de Israel, que fez mais de 1.400 mortos, cerca de 5.000 feridos e 224 reféns, os intensos bombardeamentos da retaliação israelita sobre Gaza fizeram, desde então, mais de 7.300 mortos e cerca de 19.000 feridos no enclave palestiniano.