Henrique Raposo não tem dúvidas: “os trabalhadores da saúde – enfermeiros e médicos – estão de facto num sistema que é uma fábrica de burnout”.
O problema não existe só em Portugal, diz, mas “os profissionais da saúde estão num momento histórico, a estoirar. Eles têm, de facto, alguma razão na greve que estão a impor. As pessoas estão a estourar”, reforça.
Os enfermeiros agendaram uma greve a partir de dia 22 e ameaçam paralisar blocos operatórios em cinco hospitais públicos até ao final do ano. A ministra da Saúde fala em “excesso” neste protesto e por isso quer fazer uma análise jurídica.
Jacinto Lucas Pires recorda o “tique do Governo anterior”, em que, “em nome da tecnocracia à la Vítor Gaspar e Troika, os políticos se queriam desresponsabilizar da política dizendo que os técnicos é que dizem que é assim”
“E acho que por vezes é um tique deste Governo, que quer estar sempre naquele corredor de estar bem com a direita e com a esquerda”, adianta.
O comentador lembra que há regras e que os políticos devem assumir as suas posições sem desculpas.
As eleições intercalares nos Estados Unidos são o outro tema em análise. Oito anos depois, os democratas voltam a ter a maioria num órgão que pode impor um maior controlo sobre as ações do Presidente dos Estados Unidos, apesar de os republicanos terem vencido as eleições para o senado.
Henrique Raposo e Jacinto Lucas Pires mostram-se satisfeitos com o resultado e Henrique Raposo chama a atenção para o “tweet” do “speech writer” do John McCain, “que disse ‘pode parecer estranho o que vos vou dizer, mas votem democratas, porque, primeiro é um ato de resistência necessário agora e depois, se quisermos reconstruir a direita temos de derrotar Trump em primeiro lugar’."
Há, pois, sinais de que os ressentimentos que levaram à eleição de Donald Trump estão a desaparecer.
Jacinto Lucas Pires destaca que o resultado destas eleições “serve de resguardo democrático político” à investigação que está a ser feita ao Presidente “e que tem no horizonte a possibilidade de um ‘impeachment’”.
O comentador chama ainda a atenção para o facto de os democratas terem voltado a ter iniciativas, o que permite “que a conversa não seja só de negação, de protesto, mas que também ponha em cheque o Presidente” com novas ideias.