A Cáritas pede “atenção cuidada” às populações do interior. O apelo chega em forma de relatório, agora que está concluída a intervenção da instituição junto das populações atingidas pelos fogos florestais de Pedrógão.
Um ano depois da tragédia de Pedrógão Grande, a Cáritas diocesana de Portalegre-Castelo Branco dá por concluída a sua intervenção junto das populações atingidas pelos fogos florestais.
O presidente da instituição fez chegar à Renascença um relatório onde constam as conclusões de todo um trabalho que só foi possível realizar graças à união de esforços e de uma parceria que reuniu a Cáritas, câmaras municipais e paróquias, permitindo “num curto espaço de tempo” desenvolver “os trabalhos tendentes a minorar o sofrimento das famílias vitimadas pelos incêndios florestais do verão passado”.
De acordo com Elicídio Bilé, neste “processo de resposta às vítimas dos fogos florestais de 2017” foram apoiadas, “diretamente, 96 famílias”, tendo a instituição assumido o “compromisso na reconstrução de 16 casas, equipamentos para 2 empresas, 39 currais e anexos agrícolas e, a mais 39 famílias, a reconstrução de muros, vedações e condutas de água”.
Na hora de prestar contas, este responsável explica que a intervenção foi possível com recurso ao fundo “Cáritas com Portugal, abraça vítimas dos incêndios”.
Esta instituição utilizou “467.695,06 euros, na reconstrução e apoios assumidos”, deixando em aberto “a possibilidade de ajudarmos outras situações que surjam como resultado dos incêndios florestais de 2017 e 2018.”
Em nome do bispo da diocese, D. Antonino Dias, e da direção da Cáritas diocesana, Elicído Bilé reitera, neste relatório, “o reconhecimento e gratidão pela forma generosa e empenhada” como todos trabalharam neste longo período, nomeadamente “as diversas Cáritas diocesanas, de Portugal e de Espanha, as pessoas e comunidades paroquiais, e as câmaras municipais que acompanharam todo o processo de reconstrução das habitações” assim como “as 14 empresas que realizaram as obras de reconstrução”.
A ocasião é aproveitada pelo presidente da Cáritas de Portalegre-Castelo Branco para manifestar “a esperança de que, tudo aquilo que falhou em 2017, não se repita no futuro”.
Elicído Bilé escreve que “com os fogos florestais do verão de 2017 e as mortes que provocou, mais do que a morte das vítimas, morre um pouco da esperança de quem vive no interior do país, triste, envelhecido e desertificado”.
Deste documento sai, por isso, um apelo aos governantes: “que a política seja dignificada pela atenção cuidada que as populações do interior necessitam” e que “o ordenamento florestal seja uma das prioridades em termos de prevenção das catástrofes a que todos os anos assistimos.”