O líder do partido da extrema-direita espanhola Vox, Santiago Abascal, prometeu esta quinta-feira uma "resistência civil longa" aos acordos dos socialistas com independentistas catalães para a viabilização de um novo Governo de esquerda em Espanha.
Abascal considerou que os acordos como aquele que foi hoje anunciado com o Juntos pela Catalunha (JxCat), do antigo presidente do governo regional Carles Puigdemont, marcam o início de um "período negro na história de Espanha" e acrescentou que o Vox inicia uma fase de "resistência civil que se adivinha longa".
"É a resistência que se inicia neste momento perante um Governo disposto a tudo", disse Abascal, que considerou o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez um "autocrata com ares de tirano".
"Isto só tem um fim: o autocrata com ares de tirano sentado no banco dos réus ou a prisão para todos aqueles que nos opomos ao golpe", disse o líder do Vox, depois de ter reiterado o apoio a todas as manifestações e protestos contra os acordos com os independentistas que têm ocorrido diariamente em várias cidades espanholas, algumas delas marcadas por distúrbios e cargas policiais.
As concentrações ao início da noite em frente de sedes do PSOE (atualmente no poder em Espanha), em diversas cidades, estão a ser convocadas diariamente nas redes sociais por grupos de extrema-direita e têm sido apoiadas pelo Vox, a terceira força política no parlamento.
Na segunda e na terça-feira, as manifestações de Madrid, as maiores até agora, terminaram com cargas policiais.
Na segunda-feira foram detidas três pessoas e na terça-feira outras seis.
Na terça-feira, o dia com mais distúrbios, 39 pessoas ficaram feridas, 29 delas polícias, segundo as autoridades espanholas.
Na terça-feira, um grupo de mais de 500 pessoas deslocou-se também para as imediações do parlamento espanhol, tendo cortado a Gran Vía, uma das principais artérias do centro de Madrid. Após alguns minutos perto do parlamento, que a polícia já tinha protegido, o grupo regressou à concentração em frente da sede do PSOE.
O PSOE suspendeu desde terça-feira a atividade nas sedes do partido no período da tarde por causa da possibilidade de concentrações violentas em frente dos edifícios.
Além do PSOE, dirigentes de outros partidos, incluindo o Partido Popular (PP, a maior força atualmente no parlamento espanhol), condenaram as manifestações violentas.
O líder do Vox, que esteve na concentração de Madrid na segunda-feira, disse que o Governo ordenou cargas policiais perante manifestações pacíficas e legais e pediu à polícia para "não cumprir ordens ilegais caso se voltem a repetir".
Na sequência das eleições espanholas de 23 de julho, o PSOE está a fechar acordos com partidos nacionalistas e independentistas catalães, bascos e galegos que incluem uma amnistia para independentistas da Catalunha que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da região em 2017.
A amnistia dos independentistas é o maior foco dos protestos dos partidos de direita e das manifestações nas ruas.