O Presidente da República disse neste sábado que Portugal é reconhecido "desde sempre" por fazer um "esforço muito grande" no acolhimento de refugiados, o que não significa que nesse processo não existam "problemas aqui e ali".
"Portugal é reconhecido, desde sempre ou desde há muito tempo – desde a Segunda Guerra Mundial, pelo menos – por fazer um esforço muito grande para acolher os refugiados e tem sido assim ao longo do tempo. Agora, não quer dizer que seja tudo perfeito", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem da entrega do prémio do concurso literário de 2022, promovido anualmente pelos Lions, na Maia, distrito do Porto.
Focando-se na situação de acolhimento de refugiados ucranianos por cidadãos russos em Portugal ocorrida em Setúbal, o chefe de Estado entendeu que não se deve "confundir uma árvore, algumas árvores se for caso disso, com a floresta".
Acrescentando que não há perfeições humanas, Marcelo Rebelo de Sousa reforçou que é feito um esforço por todos os portugueses para acolher os refugiados e a comunidade internacional reconhece isso.
"O propósito da sociedade portuguesa como um todo, das famílias, das portuguesas, dos portugueses, das instituições de solidariedade e das autoridades públicas é acolher e acolher bem, com lisura, com transparência e sem pôr em causa os princípios que tocam os direitos humanos", ressalvou.
Contudo, sublinhou, pode haver uma "objeção e um problema aqui e ali". E, em caso de dúvidas investigue-se essas mesmas dúvidas, concluiu.
O semanário "Expresso" noticiou no passado dia 29 de abril que refugiados ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin e que responsáveis pela Linha de Apoio aos Refugiados estão a fotocopiar documentos dos refugidados.
Na sexta-feira foram aprovadas as audições no parlamento do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e a da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes – que tem a tutela da Igualdade e Migrações –, por unanimidade.
Por outro lado, o PS "chumbou" a audição no parlamento do presidente da Câmara de Setúbal e aprovou a do ministro da Administração Interna e da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares sobre o acolhimento de refugiados ucranianos naquele município.
Os requerimentos para chamar o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, eleito pela CDU (PCP/PEV), foram apresentados pelo PSD, Chega, IL e PAN e chumbados com os votos contra dos deputados do PS e os votos favoráveis dos restantes partidos, incluindo o PCP.