O tratamento do caso de Tancos merece as maiores cautelas. As surpresas têm sido muitas. E não parecem ter terminado.
Publicamente e politicamente, o ministro da Defesa geriu o caso de modo fleumático. Na prática, desvalorizou o roubo, reduziu-o talvez a um ‘não roubo’. Deixou correr a ideia de que sabia mais do que dizia. Zurziu a oposição de todos os modos e feitios. Exibiu uma segurança que os factos não permitiam.
Correu-lhe mal e, sendo um homem muito inteligente, Azeredo Lopes sabe disso. Isto é uma coisa.
Estar a par do eventual encobrimento do roubo de Tancos, é outra conversa. E uma conversa (muito) mais grave.
Será necessário ouvir todas as partes e deixar correr as investigações judiciais. Se porventura – e por completo absurdo – viesse a provar-se que o ministro da Defesa tinha tido, nalgum momento, conhecimento do que efetivamente se passou, os olhares voltar-se-iam não apenas para Azeredo Lopes, mas também para o chefe do Governo. Se Azeredo soubesse, António Costa ignorava?
Ao longo de meses sucessivos, os episódios de Tancos envergonham-nos e deixam-nos, enquanto Estado e enquanto país, mal colocados. Mas seja ela qual for, a verdade deve vir ao de cima. Para acabar com todas as dúvidas e, de preferência, restaurar a confiança nas Instituições e nos seus representantes.