“Francisco, o Papa do Povo”, que chega esta quinta-feira aos cinemas portugueses, é a história de como Jorge Mario Bergoglio se tornou Francisco, o 266.º Papa da Igreja Católica.
Realizado pelo italiano Daniele Luchetti, o filme acompanha o jovem argentino a partir dos 22 anos, quando decide ingressar na Companhia de Jesus, deixando para trás o emprego num laboratório de química e a namorada Amália.
Em 1966, um golpe de Estado dá início à ditadura militar na Argentina e é neste período que o filme se foca com mais detalhe – nomeadamente, na forma como Jorge Mario Bergoglio ajudou alguns perseguidos pelo regime, através de uma acção discreta mas constante.
“Francisco, o Papa do povo” faz-se de apontamentos de uma vida sempre feita em defesa dos mais desfavorecidos, dos perseguidos, daqueles que a sociedade julga e exclui. Seja um grupo de dissidentes que consegue esconder e ajudar a fugir, numa altura em que dirige um colégio de jesuítas; seja ao dispor-se a baptizar o filho de uma mãe solteira, que ninguém queria reconhecer; seja quando intercede junto das mais altas instâncias militares e da Igreja para tentar libertar dois jesuítas presos e torturados; ou quando, já depois de se tornar bispo auxiliar da diocese de Buenos Aires, Bergoglio consegue mediar um conflito entre os moradores de um bairro pobre da periferia e as autoridades municipais que querem demolir as casas.
Com realização e argumento de Daniele Luchetti, foi rodado na Argentina, Alemanha e Itália. O actor argentino Rodrigo de la Serna empresta a pele ao Jorge Mario Bergoglio mais novo e o chileno Sergio Hernández de Glória faz o papel da personagem mais velha, antes e depois de se tornar Papa.
A polémica com o livro homónimo
O filme só agora chega às salas portuguesas, nas vésperas da visita de Francisco a Fátima, mas já se estreou nos cinemas italianos em 2015 e foi depois adaptado para uma série de televisão em quatro episódios, disponível no Netflix. Na altura, a produção esteve envolvida em alguma polémica, relacionada com direitos de autor.
O produtor Pietro Valsecchi adquiriu uma opção para uso dos direitos do livro “Francisco, o Papa do povo”, da jornalista argentina Evangelina Himitian, mas no processo de construção do filme optou por não a usar. A jornalista denunciou um uso abusivo dos seus contactos e da sua colaboração para colocar a produção em marcha, para depois não ser reconhecida a sua obra como inspiração do filme. Os produtores contra-argumentam que o filme se baseou em muitas outras fontes e que a obra de Himitian foi apenas um ponto de partida, pouco reflectido no resultado final.
Curiosamente, em Portugal o filme de Daniele Luchetti ficou com o título exactamente igual ao livro de Evangelina Himitian. Na versão italiana, a película intitula-se “Chamem-me Francisco – O Papa do povo” – apenas o subtítulo do filme se assemelha ao título do livro.