A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou esta quinta-feira que respeita a Rússia da cultura e da ciência, mas não o "mundo russo de Estaline e Putin".
A autora falava aos jornalistas em Minsk, capital bielorrussa, horas depois do anúncio de atribuição do Nobel da Literatura.
Na conferência de imprensa, Svetlana Aleksievitch afirmou que as pessoas não se deviam submeter aos sistema totalitários e afirmou que o Nobel da Literatura é uma recompensa pessoal, mas também para a cultura bielorrussa e para um "pequeno país que sempre viveu sob pressão".
O encontro foi marcado por causa do galardão, mas a escritora acabou por falar sobretudo da actualidade política, nomeadamente sobre a Rússia.
Svetlana Aleksievitch, 67 anos, era uma das autoras favoritas ao Nobel da Literatura e, desta vez, as apostas estavam certas. A Academia Sueca anunciou esta quinta-feira o nome da escritora, elogiando a escrita "polifónica, um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo".
Aleksievitch é a primeira jornalista mulher a ser distinguida com o Nobel da Literatura e receberá o galardão, no valor de 860 mil euros, a 10 de Dezembro, em Estocolmo.
A academia refere que, devido às posições políticas críticas ao regime, Aleksievitch viveu exilada na Itália, França, Alemanha e Suécia.
Nascida sob bandeira soviética, em Ivano-Frankovsk, na Ucrânia, Svetlana Aleksievitch é filha de um militar bielorrusso e mãe ucraniana. Entre 1967 e 1972, a autora estudou jornalismo na Universidade de Minsk.
Os seus livros estão traduzidos em 22 línguas e alguns foram já adaptados para cinema e teatro.
Em 2013 foi distinguida com o Prémio Médicis Ensaio pela obra "O Fim do Homem Soviético" (leia um excerto aqui), que encerra uma série de cinco volumes intitulada "Vozes da Utopia", na qual aborda a ex-União Soviética (URSS) e a sua queda, numa perspectiva individual. Este livro foi publicado este ano em Portugal, pela Porto Editora.
A série foi iniciada com "A Guerra Não tem o Rosto de uma Mulher" (tradução livre), primeiro livro da autora, que se baseia em entrevistas a centenas de mulheres que participaram na II Guerra Mundial (1939-1945).