O CDS-PP subiu esta segunda-feira o tom das críticas ao executivo de António Costa por causa do furto de armas de Tancos, considerando que, "numa democracia avançada", justificaria que "o Governo, todo ele, fosse corrido".
Telmo Correia, deputado do CDS-PP, foi o protagonista de mais este ataque ao Governo, na fase final do primeiro dia de debate do Orçamento do Estado para 2019, no parlamento, em que criticou a falta de meios para as forças de segurança, PSP, GNR e PJ, por exemplo.
O deputado centrista qualificou o furto de armas dos paióis de Tancos, em 2017, e a posterior alegada encenação da recuperação do armamento por parte da PJ Militar, de "maior escândalo da democracia" em Portugal e lembrou que foi o CDS-PP a propor a criação de uma comissão de inquérito no parlamento.
"Quanto mais sabemos sobre Tancos, mais nos fica a ideia de que, na maior parte das democracias avançadas, Tancos não justificaria a saída de um Chefe do Estado-Maior do Exército, a demissão de um ministro, Tancos justificaria que o Governo, ele todo, fosse corrido", afirmou.
Porque o furto das armas "é inadmissível, é uma vergonha e é absolutamente inaceitável", concluiu.
Para Telmo Correia, quanto mais se vê "até onde chegou e até onde pode ter chegado o encobrimento" na recuperação das armas, tentando "menorizar primeiro e irresponsabilizar depois", mais se justifica a comissão de inquérito ao furto de armas.
A comissão, proposta pelos centristas, foi aprovada na sexta-feira com os votos favoráveis de CDS-PP, PSD, PS, BE e PAN e teve a abstenção do PCP e do PEV.
O furto do armamento dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017, e, quatro meses depois, foi recuperada parte das armas.
Em setembro, a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR.
Na mesma altura, foi noticiada uma operação de encenação e encobrimento na operação, alegadamente organizada por elementos da Polícia Judiciária Militar, que dela terão dado conhecimento ao chefe de gabinete do ministro da Defesa, Azeredo Lopes.
Azeredo Lopes demitiu-se, entretanto, e foi substituído por João Gomes Cravinho.
O general Rovisco Duarte também apresentou a demissão de Chefe do Estado-Maior do Exército, tendo sido substituído pelo general José Nunes da Fonseca.