Tancos. Descoordenação na segurança motiva novas audições parlamentares
28-07-2017 - 10:49

Exército divulgou em Junho o furto de material de guerra. O presidente da Comissão de Defesa Nacional fala numa situação “incompreensível” e “embaraçosa para o Estado".

A Comissão Parlamentar de Defesa deverá ouvir mais protagonistas no âmbito do caso do assalto ao paiol em Tancos. A hipótese foi admitida na Renascença pelo presidente da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional.

Marco António Costa, deputado do PSD, refere que as audições realizadas até aqui revelaram um cenário de descoordenação entre militares e serviços de segurança.

“O sistema de segurança interno, que conjuga a acção de várias forças de policiais e serviços de segurança, só reuniu cerca de 50 horas após o furto. Se fosse um furto que visasse a utilização destes meios em território nacional estaríamos perante uma situação em que a Unidade de Coordenação Antiterrorista reunia 48 horas depois. E porquê? Porque ninguém lhe comunicou”, explicou.

“Temos que perceber o que justifica este silêncio de cerca de 24 horas até o conhecimento da comunicação social. Porque há aqui 24 horas que constituem um mistério.”

A secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, admitiu ter sabido do furto pelos jornais 24 horas depois. O mesmo aconteceu com os Serviços de Informações e Segurança (SIS), que tem assento na Unidade de Coordenação Antiterrorismo. “Isto é acima de tudo incompreensível”, sublinha Marco António Costa.

Para o presidente da Comissão Parlamentar de Defesa há que “trabalhar para o futuro”, actuando nas causas por forma mudar as circunstâncias. Afinal, “até estas audições não sabíamos que isto tinha decorrido de forma embaraçosa para o Estado português”.

O Exército divulgou no passado dia 29 de Junho o furto de material de guerra dos paióis de Tancos, Vila Nova da Barquinha, Santarém, com um valor estimado em 34.400 euros. Parte desse material estava obsoleto e indicado para abate desde 2012.

Entre o material de guerra que foi furtado estão cerca de 1.500 cartuchos de 9mm, dezenas de granadas de mão e outros materiais explosivos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou que os factos já apurados levam a suspeitar que está em causa a prática dos crimes de associação criminosa, tráfico e terrorismo internacional.