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É mais uma vítima que o novo coronavírus faz no meio cultural. Francisco Gaia tinha 87 anos e morreu este sábado vítima de Covid-19. Estava internado no Hospital de Vila Franca de Xira, com complicações renais e infetado com a doença pandémica, confirma à agência Lusa o filho do pintor e escultor.
O artista, que realizou exposições nos Estados Unidos, Holanda e Portugal, foi a enterrar esta segunda-feira, numa cerimónia no cemitério de Vale da Pinta, no Cartaxo, distrito de Santarém, de onde era natural.
Francisco Gaia nasceu na freguesia de Vale da Pinta a 12 de maio de 1933 e realizou a primeira exposição em 1951, aos 18 anos. Segundo o currículo que o próprio tem na sua página pessoal, em 1970 foi para Holanda, onde viveu durante 12 anos e se licenciou em artes plásticas pela Academia de Pintura Moderna de Haia. Foi a ditadura do regime salazarista que o fez abandonar então, Portugal.
Com obras representadas em mais de 500 coleções particulares, museus, embaixadas e em diversos livros de arte, Francisco Gaia tem uma obra intitulada “Desastres de Guerra de 1945” na coleção do Museu Guggenheim de Nova Iorque.
No seu percurso, o artista viveu em Angola, Moçambique e África do Sul, onde trabalhou como pintor e decorador, antes de se fixar em Paris. Foi na capital francesa, a partir de 1965, que conviveu com artistas modernistas como Pablo Picasso, com quem trabalhou entre 1965 e 1970, segundo os dados biográficos da sua página online.
Das exposições realizadas contam-se, entre outras, as mostras feitas, em Nova Iorque, na Artbox Project New York, na Galeria Chevening, nos Países Baixos, na Casa Bocage de Setúbal, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, na Fundação Ricardo Espírito Santos Silva, Galeria de Arte do Casino Estoril, na Galeria Arte Velasquez, em Valladolid, Espanha, e na Bienal Internacional de Guebre, em França.
O filho, também ele artistas, Francisco Van der Saramago disse à agência Lusa que está em preparação um projeto de criação de um espaço museológico dedicado a Francisco Gaia em Vale da Pinta, em colaboração com a junta de freguesia local.
Na sua página pessoal, Francisco Gaia mostrava muitos dos seus trabalhos e numa frase dizia: “Agradeço a Deus pelo Dom da pintura e pelos caminhos que tenho percorrido”.