O bastonário da Ordem do Médicos, Miguel Guimarães, antecipa uma adesão à greve desta terça-feira e de quarta-feira "muito elevada", porque os médicos acreditam cada vez menos na ministra da Saúde.
"O sentimento que eu tenho relativamente àquilo que os médicos sentem neste momento é que existe de facto uma grande desmotivação da parte das pessoas, as pessoas começam a não acreditar naquilo que o Ministério da Saúde está a fazer e, portanto, eu prevejo que a adesão aos dois dias de greve que estão marcados vai ser muito elevada", defendeu em declarações aos jornalistas no Porto.
O bastonário sublinhou que a greve dos médicos que arrancou às 00h00 de terça-feira e se prolonga até às 24h00 de quarta-feira pretende defender, em primeiro lugar, os doentes, a qualidade da medicina em segundo, relegando para terceiro lugar a defesa dos "direitos imprescindíveis" dos médicos.
Apesar de admitir que ainda há margem para negociar com Marta Temido, o bastonário avisou que os "médicos começam a não acreditar na ministra", bem como na sua capacidade para alterar o "estado de coisas" no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Eu espero que haja margem para negociar com esta ministra, eu não falaria do Governo, porque falar da ministra e do Governo são duas coisas diferentes. Mas os médicos começam a não acreditar na ministra e isto é mau. As pessoas começam a perder a esperança de que esta ministra vá alterar o estado das coisas no SNS", declarou.
O dirigente considera mesmo que Marta Temido tem tido uma atitude negativa para com médicos e enfermeiros, o que está a gerar uma onda de revolta interna.
"[A ministra da Saúde] não tem sido a atitude positiva que ela devia ter, de dar uma palavra de carinho a quem todos os dias faz o Serviço Nacional de Saúde. A ministra tem feito exatamente ao contrário e isto está a gerar uma onda de revolta interna nas pessoas, de desmotivação e obviamente que muita gente acaba por optar por uma solução final que é abandonar o Sistema Nacional de Saúde", disse.
Miguel Guimarães falava à saída de uma reunião com 15 diretores de serviço de Ginecologia/Obstetrícia e Neonatologia do Norte e Centro do país que terminou 00h00 de terça-feira, precisamente no arranque de uma greve dois dias convocada por dois sindicatos do setor, e onde foram discutidos problemas e soluções sobre "as graves carências de especialistas" nestas áreas.
Para além dos médicos, também os enfermeiros convocaram uma paralisação nacional partir das 08:00 de hoje, que se prolonga até ao final da semana.
No caso primeiro caso, estão decretados serviços mínimos que incluem todos os serviços de urgência, cuidados intensivos e outros, como quimioterapia e algumas cirurgias.
Já a definição dos serviços mínimos na greve dos enfermeiros teve de ser submetida a tribunal arbitral, por desacordo quanto aos serviços a incluir.