Milhares de civis estão a ser deslocados todos os meses da localidade ucraniana de Kupiansk, alertou esta sexta-feira a ONU, notando a intensificação dos combates desde janeiro deste ano na cidade na região de Kharkiv.
De acordo com um relatório divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, sigla em inglês), o número de civis que vivem numa das 12 cidades e aldeias que formam o município de Kupiansk caiu para aproximadamente 10.000 pessoas em maio de 2023, inferior aos cerca de 20.000 no início do ano e mais de 55.000 antes da escalada da guerra em fevereiro de 2022, segundo as autoridades locais.
O bombardeamento constante na região, que fica no leste da Ucrânia, causou destruição generalizada de casas e outras infraestruturas civis, deixando muitos civis em casas danificadas e com necessidade urgente de materiais de reparo para garantir a sua segurança, antes do início do próximo inverno.
A agência da ONU referiu ainda que a guerra também teve um impacto importante nos meios de subsistência, nomeadamente pela contaminação por minas e munições explosivas, que impedem as atividades agrícolas numa área fortemente dependente deste tipo de exploração.
Embora cerca de 50 lojas e mercados estejam a funcionar nas vilas e cidades, a redução dos rendimentos, o aumento dos preços e o acesso limitado aos serviços financeiros devido ao encerramento dos bancos na maior parte do município limitam a capacidade das pessoas de obterem itens vitais.
Kupiansk foi retomada pelas forças ucranianas no início de setembro de 2022, após estar sob controlo russo por aproximadamente seis meses. Desde então, as autoridades conseguiram restabelecer o acesso à eletricidade e ao gás na maior parte do município, no entanto, as interrupções de energia ainda são frequentes devido aos bombardeamentos constantes.
Sem as mínimas condições de vida
Em algumas pequenas aldeias, os civis, principalmente idosos, vivem sem gás, água ou eletricidade, sem acesso ao comércio, instalações médicas ou farmácias que não funcionam. Apenas três centros médicos funcionam na zona, incluindo um hospital na cidade de Kupiansk, embora profissionais de saúde especializados, como dentistas e ginecologistas, visitem a comunidade regularmente.
A educação só é possível através da internet e cerca de 1.400 crianças em idade escolar, tanto a viver na comunidade quanto aquelas que se mudaram para outras partes da Ucrânia, estão atualmente matriculadas nas aulas.
Em 2023, pelo menos 35 parceiros da ajuda humanitária já forneceram assistência alimentar, água e itens de higiene para cobrir as necessidades de toda a população que permanece na região. Mais de 15.000 pessoas tiveram acesso a cuidados de saúde ou medicamentos e quase 5.000 pessoas receberam apoio com abrigos de emergência e utensílios domésticos essenciais.
Além disso, 1.300 pessoas foram atendidas com assistência em dinheiro e cerca de 1.000 com serviços de proteção geral. Cerca de 23.000 pessoas receberam suprimentos fornecidos por três comboios humanitários nas áreas ao redor de Kupiansk desde o início do ano.
No geral, os grupos de ajuda humanitária já forneceram assistência vital a mais de 770.000 pessoas na região de Kharkiv em 2023, incluindo a assistência prestada por meio de 13 comboios humanitários de várias agências a quase 125.000 pessoas — a maioria a viver nas áreas sob controlo ucraniano.