O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta que a posição de Portugal sobre os conflitos em Israel e Gaza "não é uma posição equidistante", mas sim "a favor da paz e dos direitos humanos", independentemente da religião ou etnicidade.
"Portugal não mudou a sua posição em relação ao conflito na Palestina. (...) Portugal apoia a solução dos dois Estados, numa única solução capaz de garantir a coexistência de dois Estados soberanos vivendo pacificamente lado a lado", frisou Augusto Santos Silva, na Assembleia da República.
O ministro respondia a uma questão do deputado Bruno Dias (PCP), durante o debate preparatório do Conselho Europeu de 24 e 25 de maio, sobre a "posição vergonhosa" do Governo português em relação à violência que se assiste em Israel e na Palestina.
"Sobre as questões da política externa da UE, o que se nota na agenda desta reunião do Conselho é um silêncio ensurdecedor sobre o que está a acontecer na Palestina, a par de uma posição vergonhosa do Governo português. É que, senhor primeiro-ministro, na Palestina não há um conflito, há uma ocupação", apontou o deputado comunista.
"Vai ou não vai haver uma outra posição do Governo português e da presidência portuguesa da UE que acabe com essa subserviência chocante a que continuamos a assistir?", questionou Bruno Dias.
Augusto Santos Silva sublinhou que "a posição de Portugal não é uma posição equidistante", mas sim "a favor da paz e dos direitos humanos, qualquer que seja a etnicidade, qualquer que seja a religião, qualquer que seja a nacionalidade".
"Portugal condena a política de colonizações e de ocupação de território por parte de Israel. Portugal condena todos os excessos e pede e apela à máxima contenção das partes. Mas Portugal condena também o lançamento de "rockets". Mais de mil "rockets" foram lançados contra populações civis. Portugal não se esquece disso", frisou o governante.
O Governo português, acrescentou, "apela a que todas as partes que defendem a paz, que defendem o diálogo, não se deixem esmagar por extremismos, que o que querem é limpar da face dessa terra, sagrada para tantos os moderados, porque só sabem viver da escalada de violência e provocação".
Augusto Santos Silva assegurou, aliás, que "todos os atores relevantes na área", desde palestinianos, israelitas e jordanos, "respeitam a posição portuguesa".
"Portugal diz tudo isto e é por dizer tudo isto que é respeitado por todas as partes", frisou.
Na terça-feira, perante o aumento da tensão em Jerusalém Oriental, a zona palestiniana da cidade ocupada e anexada por Israel, o Ministério dos Negócios Estrangeiros escreveu na rede social Twitter que Portugal "acompanha com grande preocupação os recentes desenvolvimentos em Israel e no território palestiniano ocupado, incluindo Jerusalém Leste".
"Condenamos o lançamento indiscriminado de mísseis a partir da Faixa de Gaza contra civis israelitas", acrescentou.
Esta posição foi criticada pelo Livre, que considerou as publicações "lamentáveis", já que excluem a "referência às vítimas palestinianas", instando o Governo a reconhecer "um Estado palestiniano".
Na segunda-feira, a violência aumentou com o lançamento de "rockets" da Faixa de Gaza contra Israel e ataques aéreos israelitas contra este território palestiniano.
De acordo com o mais recente balanço do Ministério da Saúde em Gaza, desde o pôr-do-sol de segunda-feira, 65 palestinianos – incluindo 16 crianças e uma mulher – foram mortos em Gaza, a maioria nos ataques aéreos.
Do lado israelita, os "rockets" disparados a partir de Gaza mataram sete pessoas, entre as quais duas crianças.