​Cuidados intensivos "esticados" até meados de abril. “Não nos podemos deslumbrar”
08-02-2021 - 17:55
 • Renascença

Presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos está agora “um bocadinho mais otimista", mas defende as próximas semanas vão continuar a ser difíceis e é preciso aprender com os erros. João Gouveia espera que não seja necessário enviar doentes para o estrangeiro.

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O presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI) afirma que a capacidade de internamento vai estar perto do limite até abril. João Gouveia defende que Portugal não se pode “deslumbrar” com a descida dos casos de Covid-19 e é preciso “aprender com os erros”.

Numa conferência de imprensa conjunta com a equipa clínica alemã que foi destacada para o Hospital da Luz, em Lisboa, João Gouveia admite que, até meados de abril, será preciso manter “o mais esticada possível” a capacidade de medicina intensiva no país.

“O que se passa em termos epidemiológicos tem um intervalo de tempo até se repercutir nos internamentos e um intervalo ainda maior para se repercutir na medicina intensiva. Eu diria que pelo menos até meados de abril deveremos ter a capacidade de medicina intensiva o mais esticada possível”, sublinha.

O especialista diz que Portugal tem cerca de 1.250 camas preparadas, mas já a esgotar todos os espaços disponíveis e a tirar capacidade a outras valências. Também faltam recursos humanos, nomeadamente médicos intensivistas e enfermeiros.


Portugal regista esta segunda-feira mais 196 mortes e 2.505 casos de Covid-19, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). É o número mais baixo de óbitos desde 18 de janeiro e de infeções desde dia 3 do mês passado.

João Gouveia mostra-se “um bocadinho mais otimista, porque conseguimos as camas que tínhamos para abrir – ainda temos mais – e parece haver uma inflexão em termos de Rt e mesmo no número de internamentos”.

Mas o presidente da SPCI alerta que também “não nos podemos deslumbrar” e é preciso “aprender com os erros”, para não os voltar a repetir.

Questionado sobre a possibilidade de Portugal aceitar mais ajuda internacional, o presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos espera que não seja necessário e elogia a resposta do sistema de saúde público e privado.

“Eu gostava de dizer que não vamos precisar de enviar doentes para o estrangeiro, espero sinceramente que não precisemos e estou convencido que, com a resposta que se conseguiu montar, não vamos precisar”, afirma.

A ministra da Saúde assumiu esta segunda-feira a preferência pelo tratamento dos doentes com covid-19 em Portugal ao invés de os transferir para outros países que se mostraram disponíveis para ajudar nesta fase mais aguda da pandemia. Marta Temido adianta que, depois da Madeira, há negociações para transferir doentes do continente para os Açores.

“São hipóteses que, obviamente, consideramos com a maior atenção, sendo certo que, por razões de estabilidade do próprio doente e de resposta em saúde junto do meio familiar, preferiríamos garantir o tratamento no nosso país e o mais possível junto de casa. É um esforço que continuaremos a tentar fazer”, disse esta segunda-feira a governante, a propósito das propostas de auxílio que chegaram de Espanha e da Áustria.