A companhia aérea irlandesa Ryanair confirma que a tripulação do avião em que viajava um jornalista crítico ao regime bielorrusso recebeu um aviso de ameaça à segurança a bordo antes de o aparelho ser desviado para Minsk.
Em comunicado, a empresa disse que o controlo de tráfego aéreo bielorrusso comunicou uma suposta ameaça à tripulação, dando também "instruções para desviar para o aeroporto mais próximo, Minsk".
A companhia de voos ‘low-cost’ acrescentou que nada foi encontrado após o avião aterrar em Minsk.
Autoridades bielorrussas detiveram o jornalista Roman Protasevich no domingo, depois de o presidente bielorrusso Alexandr Lukashenko ter ordenado que o voo da companhia aérea Ryanair de Atenas para Vilnius, capital da Lituânia, fosse desviado para o aeroporto de Minsk.
Assim que o avião pousou no aeroporto, os passageiros foram obrigados a um controlo, durante o qual o jornalista foi detido.
Segundo a Agência France Presse (AFP), diversos passageiros do avião onde seguia Protasevich disseram que o jornalista viveu longos minutos de angústia quando percebeu que o voo da Ryanair seria desviado para Minsk.
"Ele começou a entrar em pânico e disse que era por causa dele", disse a lituana Monika Simkiene, de 40 anos, à AFP no domingo, quando o voo finalmente aterrou em Vílnius. "Ele virou-se para as pessoas e disse que arriscava a pena de morte", continuou Monika Simkiene, observando que o jornalista parecia "muito calmo" depois de ter chegado a Minsk, certo da sua prisão.
A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, foi ao aeroporto de Vílnius para receber o avião, assim como várias dezenas de ativistas da oposição bielorrussa.
Alguns carregavam bandeiras com as cores da oposição bielorrussa nos ombros e outros transportavam cartazes proclamando: "Eu sou / Nós somos Roman Protassevich" e "Ryanair, onde está Roman?"
A prisão do ativista gerou indignação nos países ocidentais, com a NATO e a União Europeia a levantarem a ameaça de novas sanções contra a Bielorrússia.
Roman Protasevich, de 26 anos, é o ex-editor-chefe do influente canal Nexta, que se tornou na principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.