A Renascença teve acesso a uma carta da responsável pelo Bloco Operatório de Ginecologia da Maternidade Alfredo da Costa, Ana Fatela, enviada ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHULC), onde é expressa uma "profunda preocupação" – já anteriormente comunicada à administração do CHULC – com a escassez de clínicos, nomeadamente anestesiologistas.
“Esta falta de médicos anestesiologistas tem implicado o recorrente encerramento de uma sala de Bloco Operatório de forma diária nos últimos dois anos, correspondendo a 50% da taxa de ocupação. Como resultado, verifica-se um enorme prejuízo para o tratamento das utentes, aumento inusitado do tempo em lista de espera, que quadriplicou, e atribuição diária de cheques-cirurgia”, lê-se na carta.
A carta sublinha ser inevitável o encerramento, "por tempo indeterminado”, dos blocos operatórios de ginecologia da Maternidade Alfredo da Costa já a partir de 15 de julho.
“A formação dos médicos Internos da Especialidade de Ginecologia-Obstetrícia tem sido seriamente comprometida, pondo em causa a idoneidade e continuidade do Serviço. Esta dramática situação culminou com o anunciar do encerramento completo do Bloco Operatório”, conclui a responsável pelo Bloco Operatório de Ginecologia.
Por fim, Ana Fatela lembra à administração do CHULC que “nos últimos anos foram formados vários anestesiologistas no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, que pretendiam integrar o Corpo Clínico, e que não foram atempadamente contratados”.
E reforça um pedido: “Vimos apelar para a resolução desta emergente situação, com enorme impacto para a população, propondo a contratação imediata de anestesiologistas para o quadro permanente do CHULC. Só desta forma, e não recorrendo a contratações periódicas [tarefeiros], conseguiremos retomar a qualidade e segurança dos serviços prestados”.
A Renascença procurou, entretanto, recolher uma reação do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Central ao encerramento do Bloco Operatório de Ginecologia da Maternidade Alfredo da Costa. Em resposta, fonte da administração do CHULC não confirma a informação, mas garante que a "trabalha, neste momento, em conjunto com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para garantir o funcionamento dos serviços com os níveis de qualidade e segurança adequados".