O presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) reconheceu que ainda não estão garantidas as “condições ideais” nas escolas para avançar com provas nacionais digitais, mas garantiu existirem planos alternativos caso algo falhe.
Esta semana começam as provas de aferição para os alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade que, pela primeira vez, serão feitas em formato digital: em vez de uma esferográfica, mais de 250 mil estudantes irão mostrar os seus conhecimentos usando o teclado e o rato do seu computador.
Para o presidente do IAVE, Luís Pereira dos Santos, a transição digital “é uma inevitabilidade” dos tempos atuais e era preciso aproveitar a “janela de oportunidades”: O Ministério da Educação tinha um plano para distribuir computadores por todos os alunos, aumentar a formação dos professores e melhorar a rede de internet nas escolas.
A isto somavam-se os 12 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para pôr em marcha o projeto que definiu que em 2025 todas as provas e exames nacionais serão em formato digital.
No entanto, em entrevista à agência Lusa, Luís Pereira dos Santos reconheceu que as condições nas escolas “ainda não são as ideais, mas o IAVE tentou desenvolver um sistema que pudesse mitigar essas dificuldades”.
Os diretores escolares têm alertado para problemas da rede de internet em alguns estabelecimentos de ensino, em especial nas zonas mais recônditas, e para a falta de especialistas informáticos capazes de resolver eventuais problemas técnicos que possam surgir durante as provas.
Em resposta, o IAVE desenhou modelos que permitem que as provas sejam feitas ‘online’, mas também “num processo ‘offline’ em que a internet não é necessária ou em que não é sempre necessária”, explicou.
No caso do processo ‘offline’, existem duas hipóteses: Usar uma rede local ou o computador de cada aluno como o seu próprio servidor.
As escolas instalam uma aplicação no servidor e num determinado momento, “que não será cinco minutos antes da prova”, podem fazer o download das provas.
O presidente do IAVE acredita que os alunos nem irão notar qualquer diferença, “vão achar que estão a aceder a um browser e à internet”.
No final, as escolas fazem uma sincronização com os servidores do IAVE e descarregam as provas: “Só precisam da internet antes da prova e depois da prova, sem necessitar de ter uma banda larguíssima, porque sabemos que as escolas ainda não têm essas condições”, disse Luís Pereira dos Santos.
As escolas podem também dividir os estudantes em dois turnos, em que o segundo grupo de alunos começa a prova imediatamente a seguir ao primeiro terminar, sem que se possam cruzar.
“Vamos melhorar certamente. Nem tudo vai correr como nós desejaríamos já no primeiro ano, mas é um processo em construção que queremos fazer com as escolas”, disse.
As provas de aferição arrancam esta semana: Entre 2 e 11 de maio, os alunos do 2.º ano irão prestar provas a Educação Artística e Educação Física, duas áreas em que se mantêm o modelo antigo.
Entre 17 e 27 de maio começam as provas dos alunos do 5.º ano e 8.º ano, sendo que as provas digitais realizam-se às disciplinas de Português, Estudo do Meio, Matemática, História e Geografia de Portugal, Ciências Naturais e Físico-Química, Tecnologias da Informação e Comunicação e Inglês.
Para os professores e estudantes mais ansiosos, Luís Pereira dos Santos sugeriu que visitem o ‘site’ do IAVE, onde estão disponíveis provas digitais com “exemplos muito próximos” dos que serão apresentados nos exames.
Nos últimos dias, vários pais têm afirmado que não irão enviar os seus filhos mais novos para as provas de aferição.
Em resposta, o presidente do IAVE lembrou os resultados do teste-piloto que mostraram que o desempenho dos alunos do 2.º ano foi semelhante ao dos que fizeram a prova em papel, tanto na dimensão como na qualidade dos textos escritos no teclado.
“Não tenham receio destas provas, não implicam habilidades digitais extremamente apuradas pelos nossos alunos”, disse, garantindo que o digital “não é nenhum papão”.
As provas de aferição são importantes para avaliar os conhecimentos dos alunos, identificar as suas dificuldades e trabalhar nessas áreas, mas não têm peso na nota final do alunos.
A 16 de junho, arranca a 1.º fase das provas finais do 9.º com a disciplina de Matemática.
Segundo o cronograma do IAVE, este é o ano em que um grupo de alunos do 9.º ano participa no projeto piloto das provas digitais que, em 2024, será alargado a todos os estudantes do 9.º.
Em 2024, será a vez de um grupo de alunos do secundário testar os exames digitais para que em 2025 todas as provas e exames sejam digitais.