A Associação de Juristas Católicos lamenta que o Bloco de Esquerda tenha usado uma imagem de Jesus numa campanha pela adopção homossexual, considerando que desrespeita as crenças e direitos dos cristãos.
"Em todas as sociedades desenvolvidas se exige das instituições com responsabilidades democráticas o respeito pelas convicções religiosas dos outros, tal como, num país livre e democrático, a liberdade religiosa constitui um direito fundamental de todos e cada um dos cidadãos", afirmam os juristas, em comunicado.
Para a associação, não é legítima "qualquer analogia com a matéria objecto do debate relativo às uniões homossexuais e à adopção neste contexto".
A Associação dos Juristas Católicos considera, por isso, "lamentável" que um partido político com representação parlamentar na Assembleia da República, onde os deputados representam todo o país, use este meio, que, na sua opinião, "constitui apenas uma provocação gratuita que traduz, no fundo, a incapacidade do BE em respeitar concepções culturais, religiosas e sociais que divirjam e contradigam a única que considera legítima".
"A democracia, para que assegure a coesão social e uma convivência pacífica entre todos, mais do que o cumprimento da lei, impõe o respeito por códigos de conduta próprios do estado civilizacional em que nos encontramos", sublinha a estrutura.
O BE defendeu já que a campanha em defesa da adopção por casais homossexuais, na qual é usada a imagem de Cristo - com a inscrição "Jesus também teve dois pais" - não teve "qualquer carácter ofensivo", tendo sido usado o humor para dar visibilidade ao tema.
Em declarações à Lusa na quarta-feira à noite, a candidata apoiada pelo BE nas últimas presidenciais, Marisa Matias, disse hoje que o cartaz do partido com a imagem de Jesus Cristo, apesar de não ser ofensivo, é um "erro", porque mistura "política partidária e sensibilidades religiosas".
"Não acho que o cartaz seja ofensivo. Acho que é um erro porque mistura coisas que o Bloco de Esquerda (BE) se tem esforçado - e bem - por separar, política partidária e sensibilidades religiosas", defendeu Marisa Matias, numa curta declaração enviada, por escrito, à agência Lusa.
Este cartaz já foi criticado pelos partidos PSD e CDS/PP e pela Conferência Episcopal, que o considerou uma "afronta aos crentes".
O Cardeal Patriarca de Lisboa juntou-se ao coro de críticas e na quarta-feira à noite condenou este cartaz porque representa uma mentira "que desqualifica quem a propaga".
Já depois das críticas, a deputada do BE Sandra Cunha defendeu que esta campanha não "teve qualquer carácter ofensivo", tendo sido usado o humor para dar visibilidade ao tema.