O líder trabalhista Jeremy Corbyn anunciou esta segunda-feira que vai apresentar uma emenda (ou votar a favor de uma) no Parlamento britânico, amanhã, a favor da realização de um segundo referendo ao Brexit.
Sendo certo que Corbyn sempre foi relutante a novo referendo, a verdade é que, nas últimas semanas, face ao chumbo no Parlamento do acordo para a saída do Reino Unido da UE, bem como face a uma intransigência dos líderes europeus em ceder na renegociação, por exemplo, à questão da fronteira entre as irlandas, o cenário alterou-se e Corbyn, pressionado no Congresso trabalhista a ceder – na semana passada, também vários deputados anunciaram a saída do partido por discordarem de si –, vai ainda esta noite reunir-se com deputados do seu partido e anunciar-lhes a decisão.
Segundo Jeremy Corbyn, em comunicado, tal mudança de posição se deverá à maneira “imprudente” como a primeira-ministra Theresa May está a “deixar o relógio [do Brexit; a saída está agendada para 29 de março] andar”, o que, garante, “não podemos nem vamos aceitar”. Para Corbyn, a primeira-ministra britânica estará a tentar “forçar” os deputados a escolher entre o acordo “fracassado” e “prejudicial” existente ou um “desastroso Brexit sem acordo”.
Impedido o Brexit sem acordo, Corbyn pretende ainda aproximar a proposta de May da sua própria visão para o Brexit ideal, o que incluirá (se Bruxelas aceitar negociar, claro) uma “permanente e abrangente” união aduaneira com a UE; um alinhamento estreito com o mercado único, “apoiado por instituições e regiões partilhadas”; o alinhamento “dinâmico” sobre direitos e proteções; compromissos sobre a participação em agências da União Europeia e programas de financiamento, “incluindo áreas como o ambiente, a educação e a regulação industrial”; e acordos “inequívocos” sobre os pormenores de futuras disposições em matéria de segurança, “incluindo o acesso ao mandado de detenção europeu e bases de dados partilhadas vitais”.
Tudo isto será proposto por Jeremy Corbyn. Quando? Amanhã, dia em que May irá ao Parlamento apresentar os avanços das negociações que manteve com Bruxelas, pedindo aos deputados que votem na sua declaração. Os deputados poderão, então, introduzir emendas ao texto, sendo que uma destas será a de Corbyn. As emendas são discutidas e votadas na quarta-feira.