O serviço de urgência do hospital do Barreiro tem estado, nos últimos dias, em sobrelotação, com o dobro dos doentes em observação em relação à sua capacidade, segundo a Ordem dos Enfermeiros e profissionais da unidade.
O presidente da secção regional Sul da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Branco, confirmou à agência Lusa informações também transmitidas por profissionais do hospital do Barreiro, que solicitaram o anonimato, e que apontam para mais de 60 doentes, esta quinta-feira de manhã, no serviço de observação da urgência, quando a capacidade máxima é de 28 doentes.
Contactada pela agência Lusa, a administração do Centro hospitalar Barreiro Montijo reconhece que o serviço de urgência tem estado “nos últimos dias”, e à semelhança de outras instituições hospitalares, “sob muito marcada pressão assistencial no contexto da época de contingência de inverno”.
“Esta pressão traduz-se por afluência extremamente elevada ao serviço de urgência e por aumento do número de doentes que carecem de cuidados em internamento”, refere a administração do hospital numa resposta escrita à agência Lusa, acrescentando que reforçou as equipas e “pôs em prática as medidas previstas no seu plano de contingência, nomeadamente o reforço da cooperação” entre especialidades e entre hospitais.
Segundo a secção regional Sul da Ordem dos Enfermeiros, esta pressão na urgência do Barreiro tem vários fatores, incluindo o facto de Almada e de Setúbal terem chegado, pelo menos na quarta-feira, a travar a entrada de doentes enviados pelo Centro de Orientação dos Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
“Dentro da área do hospital do Barreiro, não há forma de escoar esses doentes nem para outros serviços nem para outros hospitais”, afirmou Sérgio Branco à Lusa, que já esteve em contacto com o enfermeiro diretor daquela unidade de saúde.
Segundo o presidente da secção Sul da Ordem, o conselho de administração está “extremamente preocupado” e a tentar encontrar estratégias, que passam por “escoar doentes para outros hospitais”.
“Mas depois, os outros hospitais também não conseguem responder bem. A solução transcende o próprio conselho de administração”, refere Sérgio Branco.
O responsável da Ordem relata que os enfermeiros do hospital do Barreiro estão “preocupados com a segurança e qualidade dos cuidados de saúde que ali são prestados”.
Uma profissional de saúde que trabalha na urgência do hospital, e que pediu para não ser identificada, disse à Lusa que os corredores do serviço estão “lotados de macas com doentes”, considerando que não “há condições de dignidade e de segurança” nem para doentes nem para profissionais.