O chanceler alemão prometeu esta quinta-feira aos judeus que "nunca mais" serão vítimas de antissemitismo na Alemanha ao discursar na cerimónia comemorativa do 85.º aniversário da "Noite de Cristal", como ficaram conhecidos os 'pogroms' antijudaicos no regime nazi.
A promessa de "nunca mais" tolerar o antissemitismo "é para cumprir agora", afirmou Olaf Scholz na sinagoga Beth Zion, no coração de Berlim, ao lado do Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e do chefe do Comité Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster.
Num contexto de recrudescimento dos atos antissemitas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 07 de outubro, tanto na Alemanha como em quase toda a Europa, Scholz reafirmou a promessa "sobre a qual assenta a Alemanha democrática" e recusou toda e qualquer relação com os 'pogroms', palavra russa que significa "causar estragos, destruir violentamente" e que foi "recuperada" para definir a perseguição nazi aos judeus.
"Qualquer forma de antissemitismo envenena a nossa sociedade. Tal como acontece atualmente com as manifestações islamistas", afirmou o chanceler alemão, que prometeu "perseguir todos aqueles que apoiam o terrorismo e são antissemitas".
Scholz recordou que, com a entrada em vigor de uma nova lei sobre a cidadania, nenhum antissemita poderá naturalizar-se na Alemanha.
A advertência surge numa altura em que estão a ser cometidos numerosos incidentes antissemitas por muçulmanos e pessoas de origem árabe na Alemanha.
A 07 de outubro, após a ofensiva surpresa do Hamas em Israel, a população maioritariamente árabe e turca do bairro de Neukölln, em Berlim, a rede Samidoun distribuiu bolos para celebrar "a vitória da resistência" palestiniana.
O grupo pró-palestiniano Samidoun, que acabou por ser ilegalizado na Alemanha, define-se como uma Rede de Solidariedade com os Prisioneiros Palestinianos e publicou nas redes sociais fotografias de ativistas pró-palestinianos a distribuir doces em Berlim para celebrar o ataque do Hamas em Israel.
Recentemente, a polícia federal alemã anunciou que tinha contabilizado cerca de 2.000 delitos relacionados com a guerra no Médio Oriente.
Destruída e vandalizada por membros das Schutzstaffel (SS -- em português "Tropa de Proteção") e da Juventude Hitleriana na noite de 09 para 10 de novembro de 1938, a "Noite de Cristal", tal como muitas outras sinagogas, empresas e casas judaicas, a sinagoga Beth Zion foi alvo, a 18 de outubro deste ano, de 'cocktails' molotov, que não causaram danos materiais nem feridos.