Pelo menos 44 pessoas morreram e uma mais de 100 ficaram feridas depois de duas explosões em igrejas no Egipto.
A primeira teve lugar na Igreja de São Jorge na cidade de Tanta, no Egipto, no delta do Nilo, a cerca de 100 quilómetros do Cairo e fez pelo menos 25 mortos. Poucas horas depois um bombista suicida fez-se explodir na Catedral de São Marcos, em Alexandria, matando onze pessoas, incluindo três polícias, e ferindo mais de 20. O líder da Igreja Copta, o Papa Tawadros II, estava dentro da Catedral de Alexandria no momento do atentado, mas que escapou ileso, de acordo com o ministro do Interior do Egipto. Segundo pelo menos uma jornalista árabe, foi um polícia que evitou que o bombista suicida conseguisse aceder à Igreja. Esse agente é um dos três que morreu na explosão que se seguiu.
Os ataques foram reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico.
O Presidente do Egipto Abdel Fattah al-Sisi, que ainda este domingo vai visitar o local dos atentados, já autorizou o envio de militares para o terreno para apoiar a polícia na defesa de instalações vitais.
Os ataques surgem a 19 dias da visita do Papa Francisco a Cairo e no dia em que os coptas se preparam para celebrar o Domingo de Ramos e entrar na Semana Santa. Os Coptas não seguem o calendário gregoriano, mas este ano a data da Páscoa coincide com a da Igreja Católica Romana.
Ainda não há muitos detalhes sobre mais este atentados, mas vêm na sequência de uma onda de perseguição aos cristãos coptas na região do Sinai, onde o Estado Islâmico tem uma presença forte.
O número de mortos dester duplo atentado ultrapassa assim o de um dos ataques mais mortíferos contra a comunidade copta nos últimos anos, em Dezembro de 2016, que fez 25 mortos e dezenas de feridos.
Um vídeo divulgado no Twitter por uma cadeia de comunicação árabe alega mostrar o momento da explosão. A Renascença não consegue confirmar a veracidade do registo que mostra parte de uma celebração copta. A dado momento a imagem apaga-se e ouve-se uma explosão seguida de gritos.
Adel Sidarus, professor egípcio na Universidade de Évora, considera que estes ataques aos cristãos coptas podem “pôr em causa a visita do Papa Francisco” ao Egipto no final do mês de Abril. “O Estado não está capaz de assegurar a segurança dos seus cidadãos em geral e dos cristãos em particular”, disse.
Os “cristãos hão-de ser sempre o elo mais fraco da sociedade islâmica”, acrescenta Adel Sidarus, também ele cristão copta, até porque os radicais islâmicos entendem que os cristãos estarão sempre “aliados ao ocidente”.
Ao longo dos últimos anos as comunidades cristãs no Egipto têm sido frequentemente alvo de atentados e perseguição por parte de fundamentalistas islâmicos. Os coptas, como são conhecidos os cristãos egípcios, são uma minoria naquele país mas ainda assim representam cerca de 10% da população e constituem a maior comunidade cristã de qualquer país do Médio Oriente. A esmagadora maioria dos coptas pertencem à Igreja Copta Ortodoxa, que se separou de Roma no século V. Uma pequena minoria pertence à Igreja Copta Católica, que se encontra em comunhão com Roma.
O Papa Francisco comentou o primeiro atentado, no final da missa de Domingo de Ramos, esta manhã no Vaticano. Francisco fez chegar as suas condolências ao Papa Tawadros, líder da Igreja Copta Ortodoxa, e ao povo egípico e pediu a Deus que "converta o coração das pessoas que disseminam o terror, a violência e a morte bem como o coração dos fabricantes e traficantes de armas". Pouco depois chegaria a notícia do ataque em Alexandria.
O Presidente da República português enviou uma mensagem de condolências ao Presidente da República Árabe do Egito, Al-Sisi, no qual condena os "bárbaros ataques".
"Condeno veementemente estes bárbaros ataques bem como todas as manifestações de intolerância religiosa", refere a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, divulgada no site da Presidência da República na Internet e enviada ao homólogo egípcio a partir de Cabo Verde, onde está o chefe de Estado português se encontra em visita de Estado.
"Neste momento difícil, quero transmitir a Vossa Excelência, em meu nome e em nome do povo português, toda a solidariedade para com o povo egípcio e, de modo particular, com as famílias das vítimas a quem dirigimos, através de Vossa Excelência, os sentimentos do nosso sentido pesar", acrescenta o Presidente da República.
O Governo português também já reagiu a este atentado. "Em meu nome e do governo português, condeno aqui os ataques no Egipto e expresso o nosso profundo pesar pelas vítimas", escreveu António Costa na sua conta no Twitter.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu também que "o Governo Português condena firmemente os atentados que hoje causaram a morte a mais de 20 pessoas e feriram pelo menos 70 que se encontravam reunidas para celebrar o Domingo de Ramos nas igrejas coptas de Mar Gigis, em Tanta, e de São Marcos, em Alexandria, no Egipto".
Altas figuras do mundo cristão, incluindo o arcebispo Angaelos, da Igreja Copta no Reino Unido e o arcebispo de Cantuária, líder espiritual da Igreja Anglicana, também já lamentaram este acontecimento.
Homenagens aos polícias que deram a vida para proteger a Catedral de São Marcos, em Alexandria
[actualizado número de vítimas às 18h23]