Já há muitas empresas a pensar se não será melhor o país ir mesmo para eleições legislativas antecipadas, admite à Renascença João Vieira Lopes.
“As empresas hoje têm um grande dilema”, começa por explicar: “por um lado, gostam de estabilidade e de previsibilidade para fazer os seus planos de negócio, contratar pessoal, fazer investimentos; por outro lado, orçamentos como este também ameaçam as empresas, porque tem um conjunto de medidas não são favoráveis à sua atividade”.
“Por isso, enfim, há empresários que, hoje em dia, até preferem eleições”, admite.
É a reação da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) às medidas apresentadas na última noite (já madrugada deste sábado) pelo primeiro-ministro. No pacote inclui-se o aumento do salário mínimo nacional em 40 euros (para 705 euros) e mais três aumentos nos anos seguintes: para 750 (2023), 800 (2024) e 850 euros (2025).
João Vieira Lopes mostra-se contra. “Nós sempre fomos claramente contra que se fixasse o salário mínimo por razões políticas e por via administrativa. Ir fixando o salário mínimo desligado da evolução dos parâmetros económicos parece-nos completamente errado”, sublinha.
“E, mais uma vez é que, em nossa opinião, sucedeu ontem”, com “a fixação do salário mínimo para o próximo ano sem sequer falar na concertação social”, acrescenta, lamentando.
Do lado dos sindicatos, a CGTP e a UGT também já reagiram às medidas anunciadas. Isabel Camarinha considera que é preciso mais, enquanto Carlos Silva se mostra satisfeito. “Vêm reforçar um conjunto de preocupações que nós sinalizámos”, refere o líder da UGT à Renascença.