A falta de professores está a agravar-se. As escolas já estão a meio do primeiro período e ainda há milhares de alunos sem os professores todos.
Os estabelecimentos de ensino têm quase 550 horários completos e anuais por preencher - mais de metade deles no distrito de Lisboa.
Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, avisa que a tendência é de um agravamento. “A escassez de professores é um fenómeno que não é só nacional… é a nível mundial. Mas, no nosso país, esta a acentuar-se de ano para ano.”
Segundo este responsável, apesar de os diretores das escolas mitigarem o problema, porque atribuem serviço extraordinário a pessoas dos quadros e aumentam o número de horas dos professores contratados. “Neste momento, ainda há turmas que não têm o respetivo professor.”
Revela à Renascença que esta década 58% dos docentes vão aposentar-se, sendo urgente renovar a classe. “Portanto, corremos o risco de não termos professores. Eu até penso que a próxima pandemia no sector da educação será a falta de professores.”
Na sua opinião, esta situação está relacionada “com um problema estrutural, que é a falta de atratividade da carreira docente”.
“Os nossos jovens não querem enveredar por esta carreira. Hoje ninguém quer ser professor.”
Horários sem candidatos no concurso nacional
Todas as semanas há horários que transitam para as escolas depois de ficarem sem candidatos no concurso nacional
Na sexta-feira foram colocados 283 professores contratados na reserva de recrutamento número 10. Fazendo as contas, desde o inico de setembro já foram colocados mais de 15.736 professores a que se juntam mais de 6.500 docentes que foram colocados, logo em agosto, na contratação inicial.
Esgotadas essas possibilidades, os horários passam para contratação de escola. Pelas contas do professor Davide Martins, no blogue DeAr Lindo, especializado em educação, dos 547 horários em contratação de escola, 95% estão concentrados em três distritos: Setúbal, Faro e com claro destaque Lisboa, que tem 307 horários disponíveis, metade deles na disciplina de informática.
Há também falta de docentes, entre outras disciplinas, de físico-química, português, matemática e inglês.