Não há duas sem três. Depois de em setembro ter participado na Academia Socialista e ter ido à Nazaré falar aos jovens da Iniciativa Liberal (IL), o dirigente do PS Álvaro Beleza participa agora no segundo dia das jornadas parlamentares do PSD, que se realizam esta segunda e terça-feira na Assembleia da República, em Lisboa.
Beleza é membro da Comissão Política Nacional do PS, mas é apresentado para estas jornadas do PSD como sendo presidente da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) para falar num painel dedicado à "Saúde no Orçamento do Estado".
O PSD quer que o socialista - conotado com a ala mais liberal do partido de que é dirigente - fale do Orçamento do Estado (OE), mas a Renascença sabe que a intenção de Álvaro Beleza é centrar-se no livro que a SEDES publicou em setembro e que representa a visão estratégica da associação para o país: “Ambição: duplicar o PIB em 20 anos”.
Já o fez na Academia Socialista, onde aos jovens do PS alertou para a necessidade de uma carga fiscal competitiva, e já o fez também no ncontro nacional de juventude da Iniciativa Liberal na Nazaré onde assumiu que no país "temos de ser amigos das empresas, do investimento".
Na verdade, Álvaro Beleza surge nestas jornadas na sua tripla qualidade - médico/diretor do Serviço de Sangue do Hospital de Santa Maria, dirigente nacional do PS e presidente da SEDES. O líder parlamentar do PSD refere que "o dr. Álvaro Beleza é uma das pessoas mais competentes, não só na área da saúde, como pelo conhecimento que tem do país e da sociedade portuguesa".
Em declarações aos jornalistas no Parlamento e questionado sobre o porquê de convidar um dirigente do PS para estas jornadas, Joaquim Miranda Sarmento explicou que o objetivo "é alargar o PSD à sociedade civil", sendo Álvaro Beleza militante do PS, sim, mas "é presidente da SEDES, é um destacadíssimo membro da nossa sociedade civil".
Moedas nas jornadas para explicar "aquilo que deve ser a governação do país"
Arredado do Governo do país desde que Pedro Passos Coelho deixou de ser primeiro-ministro, o PSD socorre-se precisamente do ex-secretário de estado Adjunto de Passos para falar nestas jornadas parlamentares "sobre aquilo que deve ser a governação do país", na explicação de Joaquim Miranda Sarmento.
Carlos Moedas vai participar nas jornadas parlamentares do PSD num jantar-conferência sem tema atribuído e irá intervir numa altura que coincide com o primeiro ano de mandato à frente da Câmara Municipal de Lisboa.
Debaixo de fogo e a governar com uma maioria relativa na maior autarquia do país, Moedas terá nestas jornadas o palco não só para fazer o balanço desse primeiro ano de mandato no município, mas constituir-se como ponta de lança na oposição ao Governo.
A presidência da Câmara de Lisboa dá-lhe pista própria para isso, para além de ter lastro. Nas palavras do próprio líder parlamentar do PSD, "o engenheiro Carlos Moedas, sendo presidente da maior câmara do país, pela sua experiência passada no Governo e como comissário europeu, é uma voz muito importante e estruturada sobre aquilo que deve ser a governação do país".
As jornadas acontecem a propósito da discussão da proposta de Orçamento do Estado - estando já definido o voto contra da bancada - e das alterações que o PSD pretende apresentar.
A presença de Moedas "insere-se na lógica da governação pública, apesar do tema central ser o Orçamento do Estado", explica Miranda Sarmento, mas o diploma do Governo "é a base" para discutir "a política económica e social e a governação do país", acrescenta o dirigente social-democrata.
De registar que Carlos Moedas irá discursar no jantar-conferência do Refeitório dos Frades do Parlamento sob a vigilância do líder do partido, Luís Montenegro, que irá estar presente no jantar, mas sem intervir.
"Acreditar em Portugal", como mote das jornadas
Nem só de Álvaro Beleza e de Carlos Moedas se vive nestas jornadas parlamentares do PSD. O arranque está previsto para a manhã desta segunda-feira com intervenções do próprio líder parlamentar e do secretário-geral do partido, Hugo Soares.
Miranda Sarmento, nas explicações que deu aos jornalistas parlamentares, referiu que as "jornadas pretendem consolidar aquilo que é o posicionamento e críticas do PSD face ao Orçamento do Estado e à política económica e social do Governo".
Ou seja, a ideia é apresentar o argumentário do voto contra da proposta do Governo e encetar uma visão alternativa com recurso a propostas de alteração, "afirmando as 8 prioridades" do PSD.
Já foram apresentadas "ainda antes da entrega do Orçamento do Estado" e serão agora formalizadas: "o IRS jovem, a redução do IRS até ao sexto escalão, o aumento do Salário Mínimo Nacional, a actualização do Indexante aos Apoios Sociais, o reforço dos apoios às famílias, creches e legislação laboral, o reforço dos serviços públicos e o reforço dos médicos de família no SNS".
Para enquadrar tudo isto, as jornadas do PSD - que têm como lema "Acreditar em Portugal" - irão ainda contar com Cristina Casalinho, ex-presidente do IGCP, para falar num painel sobre "A evolução da economia portuguesa em 2023", com a fiscalista Cláudia Reis Duarte e com o economista Jorge Bravo para intervir sobre trabalho e segurança social no OE.
As jornadas terminam a meio da tarde de terça-feira com uma sessão de encerramento a cargo do líder parlamentar, Miranda Sarmento, logo seguida da intervenção do presidente do partido, Luís Montenegro, que surge em Lisboa depois do périplo de uma semana no distrito de Évora.