O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que "é preciso fazer mais" na ajuda à reconstrução nos concelhos afetados pelos graves incêndios de 2017.
"É preciso fazer mais", diz o chefe de Estado, em entrevista à Renascença, no final do segundo período de férias passadas, este ano, no interior do país.
Depois de, no início de agosto, ter estado nos concelhos atingidos pelos fogos de outubro, o Presidente da República deslocou-se, neste final do mês, aos concelhos afetados pelo incêndio de Pedrógão Grande, percorrendo muitos quilómetros de automóvel "para ver o que foi construído e como estava a floresta".
"Ainda há muito por concretizar", sentencia, sem deixar de sublinhar que "a mudança na floresta não se faz de um momento para o outro".
Para recuperar a floresta e a atividade agrícola, Marcelo considera que são precisos "muito mais" apoios e que estes devem constar dos próximos orçamentos do Estado como parte de uma "aposta clara" no interior.
Marcelo salienta que a mudança "exige mais gente" a habitar nestes concelhos "e, para isso, tem que haver mais atividade económica e mais atividade social que fixe as pessoas e, se possível, traga mais gente".
"As medidas que estão a ser anunciadas para fixar gente - e outras - são fundamentais", enfatiza.
Entre os aspetos positivos que encontrou nesta ronda, o Presidente da República destaca o turismo. "Houve uma resposta do país todo", diz Marcelo, relatando que encontrou turistas "dos sítios mais distantes, que confessaram que não conheciam e sentiam que tinham o dever de solidariedade".
"É preciso criar estruturas e permitir que o turismo não só permaneça nos próximos anos, como se multiplique", acrescenta.
Marcelo destaca também pela positiva "o estado de espírito das populações", que estão "viradas para o futuro".
"Em todas as idades", há vontade de "ultrapassar o que foi um tempo de tragédia e construir um futuro diferente: construir casas, caminhos, começar a reconstruir a floresta", enumera.
O Presidente da República nota, ainda, que encontrou "vários interiores" no interior do país, já que "há pontos mais carenciados do que outros e que precisam de uma atenção especial", diz.
Questionado sobre a continuidade de Joana Marques Vidal, cujo mandato termina em outubro, como procuradora-geral da República, Marcelo diz que antes dessa altura não pensará no assunto. "Não falei com ninguém sobre isso", nem com o Governo, garante o Presidente.