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Apesar das graves dificuldades que as empresas e trabalhadores estão a enfrentar por causa da pandemia Covid-19 e de continuarem a precisar de apoios para sobreviver e manter os postos de trabalho, o turismo tem condições para ser o primeiro setor a retomar a atividade e ser novamente o “motor” da economia portuguesa.
Essa foi a mensagem de esperança e otimismo que quase todos os participantes no Webinar “O Estado do Turismo”, organizado pela CTP – Confederação do Turismo Português – quiseram deixar. Por uma razão muito simples: as pessoas estão fartas de estar “confinadas”, querem viajar assim que a situação pandémica e a liberdade de circulação o permitirem, vão recomeçar a fazer turismo. Tudo depende, também, do processo de vacinação, em Portugal, na União Europeia e a nível global.
O presidente da Confederação do Turismo Português, Francisco Calheiros lembrou que “está mais que provado que o investimento no turismo é o que tem maior e mais rápido retorno. E “puxou” do exemplo da crise de 2008-2009 para referir que nessa altura foi a atividade que mais emprego criou, que mais contribuiu para o PIB e que conseguiu que a balança comercial fosse positiva.
Por isso, mostra-se convencido que, também agora, será a atividade a arrancar mais rapidamente, voltando a ser o “motor” da economia no pós-pandemia. Embora, para já, continue a precisar de ajudas do Estado para que muitas empresas consigam superar esta fase negativa e manter os postos de trabalho.
Uma afirmação a que Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva do Millenium BCP, deu forma, considerando que o turismo deve ser considerado “um setor prioritário”.
O retorno, segundo o banqueiro, será fácil de conseguir porque em 2020, a poupança dos portugueses cresceu e “essa poupança acumulada, a juntar à vontade de sair, são fatores muito positivos para o turismo. “Poderá ser mais rápido que noutros setores e Portugal tem todas as condições para o conseguir. Para isso, precisa de transmitir confiança”.
Retoma antes do fim ano depende do sucesso da vacinação
Há condições para a economia começar a crescer antes do fim do ano e a atividade turística também. Essa foi a ideia deixada pelo comentador político, Luís Marques Mendes.
“O governo pensava que 2021 e 2022 já iam ser anos de grande recuperação, mas com a evolução da pandemia, esse cenário foi posto de lado. Este [2021)]vai ser de pequeno crescimento. A recuperação em pleno vai dar-se em 2022 e 2023 e se calhar, só em 2024 é que voltaremos aos níveis pré-pandemia. E quanto mais apoio o turismo tiver, melhor será para o país”, vaticinou Marques Mendes.
Também o ministro da Economia se mostra otimista em relação a “alguma recuperação e crescimento no sector, sobretudo à custa dos turistas europeus”. Pelos americanos e asiáticos, que protagonizaram o maior crescimento relativo e em valor antes da pandemia, será necessário esperar. E segundo ministro Pedro Siza Vieira, a recuperação far-se-à primeiro na área do lazer e só depois, nos negócios. “Mas já é muito importante”.
Lazer: é nisso que milhões de pessoas pensam, obrigadas que estão ao “confinamento” há quase um ano. Mas quando começarem a sair, querem fazê-lo com segurança, frisa Marques Mendes. “As pessoas querem viajar, mas não querem ir para destinos exóticos, onde as condições de segurança sanitária não estarão garantidas. Preferem destinos tradicionais e é aí que Portugal entra”, argumenta.
Para isso muito pode contribuir o processo de vacinação, que todos admitem, está atrasado. Não por culpa de Portugal, “é um problema com que muitos países se debatem, nomeadamente na União Europeia”.
Para Siza Vieira, “muito depende da forma como conseguirmos controlar o ritmo de contágios”. E admite que para já, “a imagem do país é má. Por isso, com o confinamento, poderemos baixar os contágios mais rapidamente e ter menor pressão nos serviços de saúde, o que é muito importante”.
Depois, é preciso pensar na promoção do país. Marques Mendes considera que já devia estar a ser planeada uma “mega campanha” para reabilitar “o dano reputacional” do país porque em Abril, estou convencido, já teremos resultados muito positivos”.
Setor pede mais ajudas, ministro concorda
O Governo já aprovou 215 milhões de euros de ajudas a fundo perdido para o Turismo no âmbito do programa Apoiar.pt. Destes, 177 milhões já foram pagos, anunciou o ministro da Economia durante o Webinar organizado pela CTP. Mas o total dos apoios para o setor, incluindo os apoios às empresas e à manutenção do emprego, nomeadamente com o lay-off simplificado, já ronda os 2.200 milhões de euros.
Ainda assim, Siza Vieira reconheceu que o impacto da terceira vaga da pandemia será negativo, pelo que será necessário manter e reforçar os apoios ao emprego e à economia.
E da parte dos empresários do turismo não faltam pedidos. O presidente da CTP, Francisco Calheiros enumerou dez medidas que considera prioritárias, a começar pelas medidas de apoio à manutenção do emprego com o lay-off simplificado, até ao fim do ano, para todas as empresas com perda de faturação.
Pediu também o reforço financeiro do programa Apoiar.pt e a extensão dos prazos das moratórias fiscais e financeiras.
Para o líder da Confederação do Turismo, não deve haver discriminação entre grandes e pequenas empresas no acesso aos apoios porque “quanto maior é a nau, maior é a tormenta”. Ainda assim, considera que é de criar um “Balcão Único” onde as micro e pequenas empresas possam ter acesso a toda a informação sobre os apoios a que podem aceder.
Extensão das medidas às empresas exportadoras do turismo, criação de um quadro legal e medidas preventivas para que os empresários saibam com o que contar, além de medidas de capitalização, foram outras prioridades apresentadas por Francisco Calheiros.