O antigo ministro do PSD
Nuno Morais Sarmento volta a apontar o dedo a Vítor Constâncio como ponto
inicial da "actuação negativa" do Banco de Portugal em matéria de
regulação e supervisão do sistema financeiro. Confrontado no programa Falar
Claro da
Renascença com as críticas de diversos sectores políticos, em especial do PCP e do
Bloco de Esquerda, dirigidas ao Governador do banco central, Morais Sarmento
rebobina o filme ao início do século.
"Apontar agora a Carlos Costa as culpas de um Banco de Portugal que actua negativamente há muito na sua função de regulação e até de uma supervisão que acaba por ser mesmo orientadora relativamente ao sector financeiro? Nada disso foi cumprido em termos satisfatórios desde que entrámos no euro", sustenta Morais Sarmento, que denuncia que Vítor Constâncio acabou "premiado" com um lugar em Frankfurt depois de um mandato que considera negativo no Banco de Portugal.
No caso BES, Morais Sarmento admite que Carlos Costa, "com o caminho que está a dar à coisa, é capaz de terminar o processo fora do Banco de Portugal". O comentador insiste na crítica a uma decisão concreta tomada pelo banco central no auge da crise de sucessão de Ricardo Salgado à frente do BES.
" Aponto uma coisa que apontei sempre e que referi aqui e que nunca vi respondida. Refiro-me ao período de tempo que medeia entre a disponibilização de Ricardo Salgado para sair da direcção do BES e a definição do BP no sentido negativo a uma proposta colocada em cima da mesa para Amílcar Morais Pires como presidente do BES, ignorada durante um mês. Nesse período, metade do capital do BES desvaneceu-se no ar sem que até hoje ninguém tenha apontado essa questão", critica Morais Sarmento.
Vera Jardim recomenda paciência
Para o antigo ministro da Justiça José Vera Jardim, os problemas de supervisão em Portugal são generalizados.
"De um modo geral funcionam mal. Não estou a dizer todos. Estava a ouvir o noticiário sobre o desaparecimento das armas na PSP e lá vem 'a supervisão falhou'. Há problemas de supervisão em Portugal", afirma Vera Jardim. O histórico socialista recusa atirar culpas a Carlos Costa antes de ouvir as explicações que o governador quer dar no Parlamento sobre o caso BES.
"Há este problema e vamos ouvir o que Carlos Costa tem a dizer no Parlamento Vamos aguardar e não nos vamos precipitar. Não me pronuncio sobre a saída de Carlos Costa antes de o ouvir. É um princípio meu. Não me pronuncio nem acho que ninguém se deva pronunciar", afirma o comentador socialista.