Um ano e meio depois da invasão à academia do Sporting, arranca esta segunda-feira no Tribunal de Monsanto o julgamento dos 44 acusados de planearem e executarem o ataque, entre os quais se encontra o antigo presidente do clube, Bruno de Carvalho.
O processo pertence ao Tribunal de Almada, mas por "questões de logística e de segurança" realiza-se em Monsanto, em Lisboa, explicou anteriormente à agência Lusa fonte judicial, e terá como presidente do coletivo de juízes Sílvia Pires.
Em 1 de agosto, o juiz de instrução criminal Carlos Delca pronunciou (decidiu levar a julgamento) todos os arguidos nos exatos termos da acusação do Ministério Público (MP), deduzida pela procuradora Cândida Vilar, depois de vários arguidos requererem abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir se o processo segue e em que moldes para julgamento.
Na decisão instrutória, este juiz determinou que todos os arguidos que se mantinham em prisão preventiva passassem para prisão domiciliária (OPHVE), exceto o líder da claque Juventude Leonina, 'Mustafá', que continua em prisão preventiva.
Com Obrigação de Permanência na Habitação, com Vigilância Eletrónica (OPHVE), permanecem 36 dos 44 arguidos, depois de Elton Camará ter cortado a pulseira eletrónica, o que levou um juiz a ordenar a prisão preventiva deste arguido.
Bruno de Carvalho, que até esse dia estava sujeito à medida de coação de apresentações diárias às autoridades e ao pagamento de uma caução de 70.000 euros, passou a estar obrigado a apresentar-se quinzenalmente.
A acusação do Ministério Público (MP), assinada pela procuradora Cândida Vilar, conta que, em 15 de maio de 2018, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, distrito de Setúbal, por elementos do grupo organizado de adeptos da claque Juventude Leonina e do subgrupo Casuais (Casuals), que agrediram técnicos, jogadores e 'staff'.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o MP imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.