A consultora Imovendo antecipa "uma crescente erosão dos preços dos imóveis nos próximos seis a nove meses", isto apesar do mercado ainda manter preços de venda elevados, demonstrando "uma boa capacidade de resiliência do setor imobiliário face à pandemia".
Segundo o relatório regional de fevereiro, a que a Renascença teve acesso, esta erosão dos preços já se sente no segmento de apartamentos.
Em janeiro, 64% dos municípios portugueses já evidenciavam uma estagnação ou mesmo arrefecimento no preço dos apartamentos, contra apenas 42% no segmento das moradias, "uma realidade que tenderá a agravar-se à medida que as moratórias acabarem e a oferta imobiliária aumentar mais do que a procura residencial", refere a consultora.
A empresa destaca ainda que, há apenas três meses, o peso dos municípios que já experimentavam algum tipo de desaceleração dos preços nos apartamentos era de 58%, enquanto que nas moradias era de apenas 29%.
Segundo o relatório, esta é já uma consequência do "crescente impacto do aumento do desemprego, do aumento da incerteza sobre o desempenho económico nacional nos próximos seis meses e, sobretudo, o antecipar do fim das moratórias".
A Imovendo deixa ainda um alerta: se as moratórias não terminarem de forma gradual e controlada, é colocada "uma pressão adicional do lado da procura para que os preços sejam fortemente ajustados em baixa".
Podemos estar a assistir ao início de um ciclo vicioso de sucessivas revisões em baixa dos preços, avisa a empresa. Um sinal disso é já o "crescente peso dos municípios que apresenta sinais vermelhos em termos de evolução homóloga dos preços".
Na prática, 2021 será "sinónimo de inversão do mercado e de novas oportunidades de investimento a preços mais competitivos”, sustenta a Imovendo.
Segundo este relatório, "quanto mais cedo as moratórias começarem a ser negociadas com as famílias, quanto mais gradual for este processo, e quanto mais cedo o turismo der sinais de recuperação, menor será a propensão de parte do inventário existente ser colocado no mercado a preços mais baixos por uma questão de salvaguarda da liquidez dos investidores", e menos abruptos serão os ajustamentos a efetuar.
Apartamentos foram os primeiros a baixar preço
“Em janeiro deste ano, apenas 36% dos municípios em Portugal apresentavam valores do m2 mais altos do que no ano anterior, no segmento dos apartamentos”, indica a consultora.
Esta é uma tendência que se deverá alastrar, a partir das áreas urbanas mais consolidadas para o resto do país, pelo menos até ao fim do primeiro semestre de 2021.
Esta esperada queda dos preços é ainda pressionada pelo tempo médio de divulgação dos imóveis, que continua a aumentar, sobretudo nos principais mercados imobiliários nacionais, como é o caso do distrito do Porto.
No segmento das moradias, é esperada a estabilização dos preços e mesmo uma eventual redução ligeira, mas as dinâmicas que enquadram o mercado destes imóveis e dos apartamentos são distintas. Por enquanto, os proprietários de moradias ainda beneficiam de uma "certa proteção".