A epidemia de sarampo em Fevereiro de 2017, que causou um morto e infectou 56 pessoas, teve dois surtos com origens em diferentes subtipos do vírus que coincidiram no tempo, revelou à Lusa o presidente do laboratório Ricardo Jorge.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) afirmou que, tecnicamente, não existiu um surto de sarampo, mas sim dois surtos.
Fernando Almeida referia-se à epidemia de sarampo, iniciada em Fevereiro de 2017 e dada como terminada a 5 de Julho do mesmo ano, que causou a morte de uma jovem que não estava vacinada e infetou 56 pessoas.
Com a intervenção do Instituto, foi possível "fazer a caracterização genotípica", através da qual se identificam os vários tipos e subtipos de sarampo.
Segundo Fernando Almeida, essa avaliação concluiu que nesta epidemia existiram dois subtipos de vírus do sarampo: um que começou no sul, no Algarve, e outro que começou na região de Lisboa.
"Tecnicamente, apesar de ter havido uma coincidência temporal, foram dois surtos que aconteceram", disse.
Para Fernando Almeira, "isto é importante sob o ponto de vista epidemiológico, porque permite perceber com maior facilidade quais foram as fontes comuns de infeção: No Algarve, provavelmente terá a ver com uma fonte oriunda de um país estrangeiro do norte da Europa e o de Lisboa com um país do leste da Europa".
"Os tipos que estavam a circular nesse país do Norte eram os mesmos do Algarve e o tipo do sarampo que estava em Lisboa era o mesmo que circulava na Europa de leste", prosseguiu.
Fernando Almeida reiterou a importância da vacina e considera que esta epidemia veio demonstrar isso mesmo: "É preciso vacinarmo-nos e as vacinas funcionam".
O presidente do INSA alertou para o facto de o vírus do sarampo circular "cada vez menos em Portugal".
"Quem teve sarampo está, à partida, mais protegido do que aqueles que só tiveram contacto com o sarampo através da vacina", disse.
Fernando Almeida recordou que "as mães que antigamente tiveram sarampo transmitiam ao feto esses anticorpos e eles já saíam com alguma defesa reforçada".
Hoje, "a maior parte das mães já não contactou com o vírus".