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Paula Brito e Costa, no centro de uma polémica sobre a utilização de fundos da associação Raríssimas para fins pessoais, chegou esta quarta-feira à Casa dos Marcos (o principal projecto da associação que apoia doentes com doenças raras) para trabalhar.
A ex-presidente da associação fez-se acompanhar do marido e do filho, também implicados no caso, e, segundo a SIC Notícias, acompanhada por seguranças.
Em resposta, os funcionários da Casa dos Marcos saíram para a rua e concentraram-se em frente da instituição. Consideram "inadmissível" a presença de Paula Brito e Costa ali e recordam o abaixo-assinado que fizeram para a afastar da Raríssimas e da Casa dos Marcos, onde ainda é directora-geral.
Recusam, por isso, voltar ao trabalho enquanto Paula Brito e Costa não sair das instalações.
Após acusações de gestão danosa, Paula Brito e Costa demitiu-se do cargo de presidente da Raríssimas, mas manteve o seu lugar na Casa dos Marcos, a unidade de saúde que criou a partir da associação.
A sua presença estará a causar desconforto entre os funcionários da Casa dos Marcos, que desde a reportagem da TVI temem pelo futuro da instituição.
Segundo o “Correio da Manhã”, Paula Brito e Costa ter-se-á apresentado hoje ao trabalho para evitar ser despedida por justa causa (dado que não comparece ao trabalho desde dia 12 de Dezembro).
O Código do Trabalho admite a demissão por justa causa dos trabalhadores que faltam cinco dias de trabalho consecutivos sem justificação ou dez dias intercalados. E a fundadora da Raríssimas já tinha dito que só deixaria o cargo na Casa dos Marcos se tivesse direito a indemnização e subsídio de desemprego.
A reportagem da TVI que denunciou a alegada gestão danosa por parte de Paula Brito e Costa, que terá utilizado fundos destinados à instituição em proveito próprio, foi emitida a 9 de Dezembro.
A jornalista Ana Leal apresentou documentos que levantaram suspeitas sobre a agora ex-presidente da associação e apontou irregularidades, entre as quais a compra de vestidos de alta costura, bens alimentares caros e o pagamento de deslocações, além do carro de alta gama pago pela Raríssimas.
Além disso, Paula Brito e Costa terá beneficiado de um salário de três mil euros e de um Plano Poupança Reforma que rondava os 800 euros mensais.
O caso já levou também à demissão do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, que colaborou com a associação como consultor em 2013 e 2015.