A Ordem dos Médicos vai fixar tempos mínimos de consultas, que podem variar em função da especialidade. A promessa é do novo bastonário que toma posse esta quarta-feira.
Em entrevista ao jornal “Público”, Miguel Guimarães diz que os colégios da especialidade da Ordem dos Médicos vão determinar com “bom senso” os tempos mínimos aceitáveis.
“Actualmente, os tempos de consulta são muito curtos”, lamenta o urologista do Porto, de 55 anos.
“Há um grande abuso por parte de algumas unidades de saúde que marcam consultas com vários doentes em tempos simultâneos ou com intervalos muito curtos”, diz o novo bastonário, recordando que em 2015 houve quem se queixasse de ter de ver seis doentes por hora.
Para delimitar o período vão ser tidos em conta alguns factores: a necessidade de fazer um exame clínico, de se esclarecerem dúvidas e de explicar ao doente o que lhe vai ser feito, além das questões relacionadas com os sistemas informáticos.
“A pressão sobre os médicos para que atendam muitos doentes em pouco tempo tem de ser aliviada”, e, para isso, são necessários mais profissionais no Serviço Nacional de Saúde.
Nestas declarações, Miguel Guimarães lembra que o número de internos (médicos que estão a fazer a especialidade) representa já cerca de um terço do total dos profissionais nos centros de saúde e hospitais públicos. Ao mesmo tempo, actualmente “haverá entre 12 a 13 mil médicos a trabalhar em exclusivo no sector privado, esta taxa aumentou brutalmente, e a taxa de emigração também é elevadíssima”.
Face a este panorama garante que vai bater-se para que sejam criadas “as condições de trabalho necessárias para manter os jovens médicos no país, preferencialmente no SNS”.