A União Europeia não tem intenção de transformar a Bielorrússia numa segunda Ucrânia.
A garantia é dada pelo Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrel. Em entrevista ao El Pais, Borrel diz que o problema da Bielorrússia é conseguir a liberdade e a democracia.
O espanhol recusa que o país viva uma situação idêntica à da Ucrânia e lembra que é necessária uma reforma política no país. "O caso da Bielorrússia não é comparável ao da Ucrânia, que teve uma dimensão geopolítica. Os bielorrussos apenas exigem um regime de liberdade e direitos civis. Não há bandeiras europeias nas manifestações", garante o espanhol, reiterando que a "UE também não tem intenção de transformar a Bielorrússia numa segunda Ucrânia".
"Não reconhecemos Lukashenko como um presidente legítimo"
"Temos que promover a reforma política, mas evitar parecer um fator de distorção, que é como podemos ser vistos do lado russo. Essa tensão entre a Europa e a Rússia terminou em tiroteios, com violência e com uma desintegração do território ucraniano que perdura. O problema dos bielorrussos hoje não é escolher entre a Rússia e a Europa, mas sim conseguir a liberdade e a democracia, que são valores básicos da União Europeia e que, por conseguinte, apoiaremos", salienta.
Na mesma entrevista, Borrel assegura que a Europa está em contacto com a Rússia sobre este assunto para "evitar mal entendidos". Ainda compara o atual presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, ao venezuelano Nicolás Maduro, garantindo que a Europa não o reconhece "como um presidente legítimo".
"Não o reconhecemos como um presidente legítimo, nem reconhecemos Nicolás Maduro. Deste ponto de vista, Maduro e Lukashenko estão exatamente na mesma situação. Não reconhecemos que tenham sido escolhidos legitimamente. Mas, quer queiramos quer não, eles governam e temos de continuar a lidar com eles", refere.
Ainda no campo das comparações, Borrel compara o relacionamento da União Europeia com a Rússia ao comportamento diplomático da UE com a China. "É um poliedro com muitas faces", salienta.