"É natural que não seja pedida" ajuda a Portugal para as operação de busca e salvamento a Marrocos, diz um ex-diretor de operações da Proteção Civil. Portugal disponibilizou-se para enviar uma equipa a Marrocos após o sismo, mas ainda não recebeu resposta.
"Marrocos tem protocolos bilaterais, para além de Portugal, com Espanha, com França e com a Tunísia. Aquilo que Marrocos fez foi não pedir aos organismos centrais" como a União Europeia e as Nações Unidas, explica o antigo responsável da Proteção Civil.
"Nos protocolos bilaterais, [Marrocos] deu preferência a Espanha a França, à Tunísia, que são os seus vizinhos, e deu preferência, esse é que é fora do esquema, a Israel", conta Manuel Velloso.
Este sábado, o ministro da Administração Interna disponibilizou forças da Proteção Civil para a assistência após o terramoto em Marrocos. José Luís Carneiro disse que Portugal "tem condições para projetar" para Marrocos "uma força equivalente" à enviada para a Turquia, em fevereiro deste ano.
No entanto, o pedido de ajuda oficial, que tem que ser formalizado pelo governo marroquino, ainda não chegou a Portugal.
O especialista, que já interveio em vários cenários de catástrofe, diz que só vão para o terreno os mais que fazem falta nas operações do país afetado.
"Só se pede aquilo que é absolutamente necessário", diz Manuel Velloso, apontando "a bagunçada que representa, às vezes, inundar-se um teatro de operações com equipes de todo o lado possível e imaginário". "É muito complicado", declara.
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o abalo de 6,8 na escala de Richter ocorreu às 23h11 de sexta-feira. O epicentro foi a 71 km de Marraquexe, na região do Alto Atlas - uma subcordilheira que faz parte do Atlas marroquino. Pensa-se que muitas vítimas estarão em aldeias remotas desta região.
O terramoto ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilómetros, e foi sentido em Portugal com alguma intensidade, em localidades como Faro, Loulé, Portimão, Cascais, Lisboa e Torres Vedras.