Mais de 80% dos doentes não tem acesso a cuidados paliativos. O diagnóstico é da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos.
De acordo com o “Jornal de Notícias”, haverá entre 70 mil e 85 mil portugueses a necessitar de cuidados paliativos, mas, no ano passado, apenas 12 mil terão recebido este tipo de cuidados.
“Faltam espaços, faltam profissionais, temos um terço das equipas que deveríamos ter no país em termos de cuidados paliativos ao domicílio, falta formação, falta investigação também – temos jovens investigadores com muito interesse e motivação a trabalhar e temos vindo a ter novos dados sobre aquilo que está a acontecer no final da vida das pessoas, mas precisamos de tempo e de investimento nestas áreas, para que possamos ter um corpo de evidência maior sobre aquilo que mais beneficia o doente e as famílias”, diz à Renascença Duarte Soares, da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos.
O bastonário da Ordem dos Médicos subscreve. “Neste momento, o número de portugueses que tem acesso a cuidados paliativos é menos de 20%. Temos aqui um défice importante”, afirma Miguel Guimarães.
Para o bastonário, o assunto deveria preocupar “nomeadamente o poder político, os deputados, o governo, etc, no sentido de tentarmos ter uma rede mais ampla para podermos dar às pessoas que têm necessidade cuidados de saúde que lhes permitam ser curados, mas também qualidade de vida e mais conforto em doentes em que o tratamento já não é propriamente curativo”.
A questão dos cuidados paliativos tem-se colocado com mais acuidade nos últimos tempos, à medida que se aproxima o debate no Parlamento sobre a legalização da eutanásia.
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos assinou, com a sua congénere espanhola, uma carta conjunta dirigida aos decisores políticos. A Ordem dos Médicos mostra-se contra a legalização daquela prática.
Os deputados debatem o assunto no dia 29.