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O presidente do BCP disse esta terça-feira, no parlamento, que o banco vai adiar a redução de trabalhadores que estava prevista para este ano e defendeu que não sejam pagos bónus aos administradores executivos relativos a 2019.
"Tínhamos no banco um programa de redução de custos [para este ano] que implicava uma redução mais relevante de pessoas e não o vamos fazer. A nossa responsabilidade social obriga-nos a atrasar e ponderar este processo", disse Miguel Maya em audição nas comissões de Economia e Orçamento, considerando que é diferente reduzir trabalhadores quando há oportunidades no mercado de trabalho ou quando a conjuntura é negativa e o desemprego elevado.
Já questionado sobre se o banco admite colocar trabalhadores em 'lay-off' (redução do período normal de trabalho ou suspensão do contrato de trabalho), o presidente do BCP disse que o banco não tem trabalhadores nessa situação, mas admitiu que não é adequada a solução encontrada no banco para continuar a laborar neste período de crise provocado pela covid-19.
"Preocupa-me a situação por uma razão muito simples: tenho 60% das pessoas a trabalhar a partir de casa e há situações de elevada produtividade mas não é igual. [...] Há outras situações de produtividade de 50% e tenho centenas pessoas em casa que não produzem, porque o que fazem desde casa não é possível", afirmou, acrescentando que em qualquer caso o salário está a ser pago na íntegra.
Segundo Miguel Maya, deve ser "aprofundado o modelo de apoio" do Estado às empresas para preservação dos postos de trabalho e não deve haver "rigidez absoluta", permitindo o acesso a esses apoios mesmo por empresas que façam "algum despedimento" uma vez que "preservar emprego é o principal".
O presidente do BCP disse ainda que há duas semanas escreveu uma carta a considerar que este ano não há condições para pagar prémios aos administradores executivos. A decisão caberá agora ao Conselho de Remunerações, indicou.
"Não que não se mereça, 2019 foram os melhores resultados em 12 anos, mas pelo exemplo e para ter o banco capitalizado", disse.
Já aos trabalhadores será paga a remuneração variável prevista para este ano.
Em 26 de março, o BCP disse que ia propor na assembleia-geral o cancelamento do pagamento de dividendos referentes a 2019 (lucros de 302 milhões de euros), devido à incerteza associada à situação de pandemia, mas que mantém a compensação salarial aos trabalhadores, para compensação parcial dos cortes que sofreram entre junho de 2014 e junho de 2017.
Nos últimos anos, o BCP tem feito acordos para a saída de trabalhadores, sem divulgar os números de funcionários que saem desse modo.
Contudo, em termos líquidos as contratações superaram as saídas em 2019.
No ano passado, o banco encerrou com 7.204 trabalhadores em Portugal, mais 109 funcionários do que em 2018.