O Bloco de Esquerda (BE) propõe ao Governo que suspenda a realização de provas digitais no Ensino Básico e ponha fim à introdução de manuais escolares digitais nas escolas, anunciou o partido.
Num projeto de resolução datado de segunda-feira e a que a Lusa teve esta terça-feira acesso, o BE propõe a suspensão da realização de provas de aferição e exames do Ensino Básico e recomenda ao executivo que "dê por concluído" o projeto-piloto sobre a digitalização dos manuais escolares, tendo em conta a exposição das crianças e jovens aos ecrãs.
O partido recorda que o movimento "Menos Ecrãs, Mais Vida" entregou na Assembleia de República uma petição "contra a excessiva digitalização no ensino", defendendo a suspensão do projeto-piloto que introduziu os manuais escolares digitais nas escolas.
O BE pede ainda que o executivo de Luís Montenegro produza um documento, "com recurso a especialistas da psicologia e das ciências da educação", que inclua orientações para o uso saudável de tecnologias nas escolas, adaptado às diferentes faixas etárias dos alunos.
Ainda sobre a utilização de ecrãs nas escolas, o partido aconselha o Governo a "produzir orientações para a promoção de recreios sem ecrãs no 1.º e no 2.º ciclos do ensino básico".
No projeto que deu entrada no Parlamento, o BE refere que o uso de computadores portáteis e telemóveis "tem aumentado a exposição diária a ecrãs", o que tem motivado "grandes preocupações por parte dos profissionais de saúde".
A pandemia é apontada como uma das causas para este aumento, uma vez que as crianças e jovens foram sujeitos a confinamentos e aulas à distância.
Citando um estudo sobre o tempo de ecrã de crianças e jovens durante a pandemia, que envolveu cerca de 29 mil jovens, o projeto de resolução sublinha que "a exposição a ecrãs aumentou em média 52%", o que corresponde a mais 84 minutos por dia.
Em linha com a diminuição do uso excessivo de ecrãs nas escolas, o BE revela que o estudo da revista médica Jama Pediatrics recomenda que deve ser feita uma "promoção de hábitos saudáveis na utilização de dispositivos entre crianças e adolescentes".
"A promoção do uso saudável da tecnologia é importante na recuperação não só de aprendizagens, mas sobretudo das competências sociais e do bem-estar psicológico das crianças e dos jovens", salienta o partido.