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O coronavírus chegou a Israel no princípio do mês de março. Rapidamente as autoridades israelitas fecharam as entradas a passageiros provenientes da China, Hong Kong e Itália.
Em meados de março o Aeroporto Internacional Ben Gurion fechou. Dado as circunstâncias geográficas do país, o isolamento foi fácil. Na primeira vaga de coronavírus, Israel foi um exemplo mundial, com números muito baixos de infetados e poucas mortes.
O primeiro “lockdown” decorreu com muito sucesso e disciplina por parte dos Israelitas. As escolas, o comércio e as indústrias fecharam. Somente os hospitais, supermercados, indústrias alimentares e farmácias ficaram operacionais. As ordens dadas pelo Governo foram respeitadas rigorosamente até finais de maio. Pessoas acima dos 65 anos estavam interditas de ver a família. Nenhum contacto pessoal entre jovens e séniores.
O verão passou mais ou menos controlado. Mas, mal a população ortodoxa retomou alguma normalidade, ou seja, casamentos e todo o tipo de celebrações, bem como festas no setor árabe e o regresso às aulas no princípio de setembro, o número de pessoas infetadas aumentou astronomicamente.
Inicialmente as autoridades acharam por bem restringir somente cidades com números elevados de infetados. Uma vez que estas cidades são sobretudo povoadas por ortodoxos e/ou, árabes, tornou-se um tema delicado. Para não ferir o politicamente correto, tomaram-se de novo medidas muito rígidas e estamos de novo em confinamento total, tudo fechado!
Até hoje Israel teve 212.000 infetados, dos quais 149.000 já recuperaram e 1.378 mortes.
As festas de fim-de-ano começaram na passada sexta-feira. No entanto as ordens governamentais proibiram os encontros familiares e as sinagogas estiveram abertas em formato de cápsulas, com as pessoas a reunir em grupos, isolados uns dos outros. O resultado não foi fantástico.
A partir da passada sexta-feira, às 14h00 horas, as medidas de confinamento passaram a ser ainda mais severas. Existe muita confusão e as pessoas estão muito preocupadas não só com o vírus, mas sobretudo com a crise económica. Ao longo do mês de setembro houve grandes manifestações todos os sábados, no final do Shabbat, em frente da casa do primeiro ministro, Benjamin Netanyahu.
No meio desta confusão da Covid-19, Israel teve eleições e foi formado um Governo de emergência nacional. Não teve grande êxito e brevemente teremos de novo eleições. A maior parte da população está muito indignada e muitas decisões a nível do vírus têm refletido prioridades políticas mais do que médicas. O primeiro-ministro foi acusado de corrupção e o interesse dele neste momento é desviar a atenção dos israelitas. Nos últimos meses nomearam o professor Gamzu, ex-diretor-geral do hospital Ichilov, de Tel Aviv, como o “César da Corona” e o exército israelita também tem sido utilizado para apoiar. Existe a preocupação de que o sistema hospitalar colapse e, também por esse motivo, implementaram de novo um confinamento total.
Com o dia de Kippur, o mais sagrado do calendário judaico, a aproximar se este domingo, teremos a oportunidade de pedir perdão e de ficarmos – o mundo inteiro – inscritos no livro da vida com toda a pureza e só coisas boas! Esperemos por melhores dias no mundo inteiro.
Ámen, Ámen, Ámen.
*Rute Broder vive nos arredores de Tel Aviv. Depois de vários anos a trabalhar na diplomacia, é agora hospedeira de bordo na El Al, trabalhando também no ramo do imobiliário. Tem cinco filhos que estavam espalhados pelo mundo, mas regressaram a casa depois de começar a pandemia.