O PSD considerou hoje que o discurso do presidente do Chega "é o populismo no seu estado mais puro", defendendo que os problemas não se resolvem com "uma espécie de vendedores de banha da cobra".
No final do discurso que encerrou a 6.ª Convenção Nacional do Chega, que decorreu desde sexta-feira em Viana do Castelo, coube ao secretário-geral do PSD, Hugo Soares, reagir à intervenção de André Ventura, apesar das dificuldades de audição devido à altura da música que ecoava no pavilhão.
"O que nós assistimos aqui agora na intervenção do doutor André Ventura é o populismo no seu estado mais puro, no seu estado mais inconsequente, servido com grandes doses de demagogia", criticou.
Para o dirigente do PSD, é absolutamente claro que "o futuro não passa por aqui" porque "a governação de um país é uma coisa séria, responsável".
"Não é com estas doses de demagogia, de irrealismo, que parece que surge dinheiro de qualquer lado, que se vão resolver os problemas das pessoas", avisou.
Segundo Hugo Soares, a solução dos problemas das pessoas faz-se "com seriedade, falando verdade aos portugueses e com ideias concretas e soluções concretas".
"Não é com uma espécie de vendedores de banha da cobra que à última da hora parece que têm dinheiro para fazer tudo o que o país precisa", condenou.
O secretário-geral do PSD lamentou ainda, em nome do partido, a "usurpação infantil das citações de Sá Carneiro e da personalidade de Sá Carneiro" que acusou André Ventura de ter feito neste discurso, considerando que isso "fica mal ao partido Chega" e ao seu presidente.
"O PSD não governará com o apoio do Chega nem fará nenhuma coligação pré ou pós-eleitoral com o Chega. Acabem com essa intriga que só serve ao PS. Votar no Chega é igualzinho a votar no PS. Nada muda e só beneficia o PS", reiterou.
Sobre uma alegada "debandada de sociais-democratas para o partido Chega", Hugo Soares pediu que fossem "todos sérios" e impeliu a comunicação social a ajudar "no esclarecimento dos portugueses".
"Fala-me de um nome. O nome que me está a falar não veio do PSD para o Chega. Foi nomeado por um Governo do engenheiro Sócrates para um cargo europeu, foi apoiante de Manuel Alegre às presidenciais. Perguntem ao doutor André Ventura no final deste congresso se ele está confortável em ter como candidato a deputado alguém que o engenheiro Sócrates nomeou", criticou, numa referência ao ex-secretário de Estado do PSD Henrique de Freitas.
Hugo Soares assegurou que não conhece "um deputado do PSD que tenha saído do PSD para vir para o Chega na atual legislatura". .
"Os senhores conhecem? Vamos ser sérios a falar aos portugueses", pediu.
O ex-secretário de Estado da Defesa do PSD Henrique de Freitas saiu do partido em 2023, e no mesmo ano filiou-se no Chega, confirmando à Lusa que será cabeça de lista nas eleições legislativas sem adiantar por qual círculo.
O presidente do Chega, André Ventura, traçou hoje como meta vencer as legislativas de março, afirmando estar tão preparado para ser primeiro-ministro como estava o antigo líder do PPD Sá Carneiro em 1979.
Pelo CDS-PP esteve presente o ex-deputado Helder Amaral que defendeu ser preciso resolver os problemas "sem ruturas, sem aproveitar os momentos maus, sem praticar uma linguagem de ódio, uma linguagem que afasta as pessoas", acrescentando que "não se constrói nada com base no ódio, com base na difamação".
Para Helder Amaral, "o Chega se tiver um discurso mais moderado deixa de ser o Chega", considerando que Ventura "continua um comentador, vai dando uns bitaites sobre temas, vai usando uma linguagem populista e em alguns aspetos radical".
O centrista enfatizou que Portugal tem "um problema sério com a corrupção", referindo-se aos pendões do partido de Ventura que dizem que é preciso acabar com a corrupção e com "os tachos".
"Na semana passada no parlamento foi votado o aumento das ajudas de custo dos deputados. O tal partido que quer acabar com os tachos, que até queria reduzir os deputados, quando chega à hora da carteira, como é que votou o Chega? Votou a favor", criticou.