O Presidente de República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou comentar a denúncia feita chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, que, em entrevista à Renascença e ao “Público”, disse que a situação nas Forças Armadas “é insustentável”.
“O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas trata dessa matéria com o Governo, trata em Conselho Superior de Defesa Nacional, trata com as chefias militares, mas não comenta situações concretas, nem políticas e administrativas, em público”, disse o Presidente da República, quando questionado pelos jornalistas sobre as declarações de Silva Ribeiro.
A recusa em comentar surge horas depois do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, ter falado da denúncia, classificando-a como sendo uma “infelicidade de linguagem”.
“O papel do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas é assegurar que as missões são cumpridas. É evidente que, se ele chegasse à conclusão que não pode cumprir essas missões, então sairia. Mas não é essa a situação. Portanto não há lugar a qualquer tipo de aviso. Não há aqui nada de novo”, disse o ministro na sexta-feira.
Em entrevista à Renascença e ao “Público”, na quinta-feira, o almirante dramatizou a falta de recursos humanos nas Forças Armadas classifico como “insustentável” o facto das Forças Armadas estarem com menos seis mil militares do que deveriam.
Na mesma entrevista, o almirante disse mesmo que as Forças Armadas já tiveram que negar um pedido da Proteção Civil.
“Recentemente a um pedido da Proteção Civil dissemos que não tínhamos mais militares para empregar. A Força Aérea já tem problemas para a disponibilidade de pessoal para a manutenção dos seus meios e para a própria vigilância e segurança das unidades. A Marinha tem navios que não têm lotações completas, o Exército tem regimentos que deviam ter 360 praças e têm 100, 120. Este é o problema mais premente das Forças Armadas. Estamos profundamente empenhados em inverter esta situação”, disse Silva Ribeiro nesta entrevista.